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Bezalel Smotrich em declaração contundente

Já reclamamos várias vezes do Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich. Mas desta vez ele acertou em cheio e vale a pena ler o que ele escreveu oficialmente.

O Estado de Israel nunca tomou decisões políticas, como rendição a sequestros, e não o fará agora.

Já houve acordos irresponsáveis de troca de reféns que nos custaram rios de sangue. Mas, até agora, esses acordos incluíam apenas a libertação de terroristas. Nunca houve um acordo no qual tomamos medidas políticas como condição para a libertação de reféns. Agora, é isso que o Hamas está exigindo.

A cessação da guerra, a retirada das FDI da Faixa de Gaza, a reconstrução de Gaza e a permanência do Hamas no poder são completamente contraditórias aos objetivos da guerra. O Hamas busca impor um fim político ao conflito, usando os reféns e ameaçando suas vidas e bem-estar. Essa é uma linha vermelha que não pode ser cruzada.

Haverá quem diga que já cruzamos essa linha no estágio atual do acordo, ao concordarmos em nos retirar do eixo de Netzarim e permitir o retorno de habitantes de Gaza ao norte da Faixa de Gaza. Isso é verdade, e é uma das razões pelas quais nos opusemos ao acordo. Mas essa é uma medida temporária e reversível; não podemos permitir que isso se torne uma ladeira escorregadia e perigosa.

Se, Deus nos livre, cruzarmos esta linha vermelha, assinaremos a Fase II do acordo. Qual será o próximo estágio? Os grupos terroristas sequestrarem mais israelenses e exigirem a retirada de Israel da Judeia e Samaria, a evacuação de assentamentos e o estabelecimento de um Estado palestino em troca da sua libertação? Por que não, afinal?

O Irã sequestra algumas famílias judias que viajam pelo mundo, as transfere para seu território e exige o fim das sanções econômicas contra ele, um compromisso israelense de não agir contra suas instalações nucleares e um caminho rápido para a obtenção de uma bomba? Vocês se convencem de que isso é impossível e que, diante de tais demandas, Israel jamais se renderia? Com base em quê vocês dizem isso? Qual a diferença entre isso e a Fase II do acordo, que de repente se tornou algo trivial e necessário?!

A mídia promíscua em Israel fará uma lavagem cerebral em vocês sem que percebam, como já faz há mais de um ano. Pintará tudo de amarelo nos símbolos e bandeiras em todos os programas e entrevistas, convidará 99% dos entrevistados que apresentarão apenas uma posição. Negará, ridicularizará e deslegitimará completamente aqueles que tentarem expor os custos do acordo e se oporem a ele. Transformará esses opositores em monstros e “comensais da morte” que ignoram o sofrimento dos reféns e suas famílias.

As famílias dos sequestrados, que querem seus entes queridos de volta a qualquer custo, farão manifestações, comparecerão a todas as audiências da Knesset, ocuparão os estúdios e tocarão os corações de todos nós. Generais aposentados explicarão que Israel pode lidar com uma bomba atômica iraniana ou com um Estado palestino, mas não pode sobreviver sem o retorno dos sequestrados. Eles argumentarão com grande convicção que essa seria a vitória definitiva e que, sem ela, não há futuro para Israel.

E o que hoje nos parece absurdo se tornará normal, esperado, evidente, vital e necessário. Assim como, nas semanas após o terrível massacre de 7 de outubro, falar sobre cessar a guerra, se render e deixar o Hamas no poder era algo impensável. Agora, após um ano de campanha e lavagem cerebral, esse é quase o único assunto permitido. Um pai de sequestrado pode desejar ou clamar pelo assassinato de um ministro que se opõe ao acordo que libertaria seu filho e, ainda assim, continua sendo um entrevistado cobiçado — e ninguém tem coragem de impor limites para ele.

É difícil discutir o sofrimento das famílias dos sequestrados. Mas um país responsável, que quer viver, não pode agir apenas sob essa ótica, deixando que a emoção e a dor superem a razão e coloquem sua existência e o futuro de todos os seus cidadãos em risco.

Essa linha vermelha não pode ser cruzada. Não aceitaremos tomar medidas políticas como parte de um acordo para libertar os sequestrados. Nenhum líder responsável tomaria decisões políticas e se submeteria a exigências políticas como parte de um acordo de reféns. Quem o fizesse não mereceria ser líder.

Nosso governo não sucumbirá a essa loucura. Continuará trabalhando com determinação para trazer todos os sequestrados de volta, mas não se renderá ao Hamas e não cessará a guerra até sua completa destruição.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.