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31 de julho de 1492: judeus são definitivamente expulsos da Espanha

Como parte da Inquisição Espanhola, cerca de 200.000 judeus, que se recusaram a ser batizados, foram expulsos da Espanha.

O Decreto de Alhambra foi emitido em 31 de março de 1492, pelos reis católicos Fernando e Isabel que expulsa todos os judeus dos reinos de Castela e Aragão e de suas possessões até a data limite de 31 de julho daquele ano. Os judeus tiveram que se desfazer às pressas de todos os seus bens e sair, com o pouco que conseguiam. Eles foram proibidos de transportar ouro ou prata para fora do reino. Os que tentaram deixar a Espanha a bordo de navios foram muitas vezes atirados ao mar para se afogar por capitães gananciosos que queriam confiscar os pertences dos fugitivos.

A expulsão dos judeus da Espanha aconteceu três meses após a queda do Califado de Granada, com a rendição da capital, Alhambra e do sultão Abu Abdilá, pondo fim a Guerra da Reconquista iniciada no 711 quando os muçulmanos invadiram a Península Ibérica. O sultão negociou um acordo de manutenção de posses e propriedades para os muçulmanos. Já os judeus, foram acusados pelos reis católicos de terem colaborado com os muçulmanos e por isso seriam expulsos. De fato, a área de Granada ficou sob domínio muçulmano por 781 anos, e tanto judeus como católicos que viviam lá eram cidadãos de segunda-classe, “protegidos” pelo islã, contra o pagamento de imposto anual específico para isso. É em Granada que acontece a Era de Ouro dos Judeus da Pensínula Ibérica onde o expoente mais conhecido foi o médico Maimônides. Isso explica a preferência da maioria dos judeus expulsos de irem para a Turquia, de onde se expandiram com o Império Otomano para a Criméia, Ucrânia, Romênia, Hungria e Balcaãs.

Rei Ferdinando e a Rainha Isabel da Espanha dão uma audiência a um judeu após o decreto que anuncia a expulsão dos judeus espanhóis, quadro de Emilio Sala Frances em 1889. Crédito da foto: Emilio Sala, Public domain, via Wikimedia Commons

Vários milhares de famílias judias decidiram se “converter” ao catolicismo em vez de arriscar suas vidas e as vidas de seus filhos fugindo. No entanto, a Igreja suspeitava que muitos desses “conversos” continuavam secretamente praticando o judaísmo e os suspeitos desses “crime” foram caçados, torturados e condenados à morte. Os hereges eram queimados em uma cerimônia que era chamada de auto-da-fé.

Como resultado do decreto de Alhambra e da perseguição em anos anteriores, mais de 200.000 judeus se converteram ao catolicismo e entre 40.000 e 100.000 foram expulsos, um número desconhecido retornando à Espanha nos anos seguintes à expulsão. Muitos judeus de Castela foram para Portugal, onde foram forçados a pagar um resgate para permanecer. Outros foram para a Itália, Grécia ou para a costa norte da África no Marrocos sob domínio muçulmano. A maioria, 50.000 foram para a Turquia, o centro do Império Turco-Otomano muçulmano.

Em 16 de dezembro de 1968, o governo espanhol revogou formalmente o Decreto Alhambra de 1492 e, no início dos anos 2000, tanto a Espanha quanto Portugal, 500 anos depois, concederam aos judeus sefarditas o direito de reivindicar a cidadania dos países que os expulsaram.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.