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Brasil abre mão de soberania nacional por política partidária?


O cancelamento do contrato militar com a empresa israelense Elbit não pegou nem o governo israelense, nem a empresa de surpresa. Apenas o público brasileiro ficou um ar de “Contrato? Blindados? Tinha isso?”

O Exército Brasileiro fez uma longa licitação para escolher um veículo moderno de artilharia, pois ainda usa os da Segunda Guerra Mundial. A licitação internacional, com a participação da República Tcheca, da França e da China, e teve como vencedora da Elbit israelense com o modelo Atmos. Isso aconteceu no final de abril de 2024. Naquele momento as notícias já afirmavam que havia grande possibilidade de a licitação ser cancelada por motivos políticos e o Exército esperava que isso não acontecesse.

Podia ter sido cancelada imediatamente, mas o Planalto precisou de 4 meses para tomar uma decisão que parecia óbvia. De fato, em maio já tinha sido decidido o adiamento da assinatura do contrato por 60 dias. Lula disse ao ministro Múcio que ia “resolver a questão”. Não foi estipulado um prazo para uma decisão final.

E o contrato era ótimo para o Brasil. O total inicial seria de 36 unidades do Atmos 2000, duas entregues imediatamente e as outras 34 fabricadas no Brasil, não só com transferência de tecnologia, mas com a construção de uma fábrica da Elbit no Brasil com previsão de pleno funcionamento em 2027. Ou seja, o custo de unidades subsequentes seria menor e o Brasil poderia exportar veículos da Elbit.

Mas para setores do governo, principalmente para Celso Amorim que hoje é apenas um assessor, mas parece determinar a política externa brasileira, perpassando o ministro das relações exteriores, fica evidente que a oposição à Israel é mais importante que a soberania nacional. A ele, vitoriosamente, as notícias atribuem o cancelamento. Assessor que determina?

As notícias na mídia geral são ligeiramente erradas. Não é porque o Atmos tem uma blindagem leve na cabine, que passa a ser designado como “blindado”. Fora a mobilidade muito superior dos veículos Atmos e motores modernos, os modelos atuais em uso pelo Brasil precisam de 15 minutos para dar o primeiro tiro e depois levam 8 minutos para disparar 10 tiros adicionais. Com a nova tecnologia, o primeiro disparo é feito em 5 minutos e depois um disparo a cada 10 segundos.

O caminhão pode manter 120 km/h em estrada asfaltada e chegar a 80 km/h em estradas de terra. Esta configuração de caminhão com um enorme canhão está em uso por todos os exércitos modernos.

Em julho, o exército recebeu um carregamento de centenas de mísseis Spike LR2 da empresa Rafael Advanced Defense Systems, o míssil antitanque de infantaria mais moderno fabricado em Israel. Celso Amorim ainda não mandou devolver.

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: Atmos 2000 disparando, foto de divulgação Elbit Systems

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.