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Carta aberta a Sandra Cohen da Globo/G1

por José Roitberg – jornalista e pesquisador, formado em Filosofia do Ensino da História do Holocausto pelo Yad Vashem de Jerusalém

Prezada Sandra, não a conheço.

Mas no dia 21/mar, você publicou sob o título de “O judeu Zelensky foi duro com Israel”, um ponto crucial no texto ABSOLUTAMENTE FALSO, ou seja, um exemplo perfeito de fake news.

Sendo jornalista, eu fico pasmo que não exista dentro da linha editorial da Globo, ninguém que corrija ninguém.

Aliás, não espero que o texto seja corrigido após esta carta aberta e será uma surpresa se isso acontecer.

Cara Sandra, o que você publicou na mídia de maior prestígio no Brasil e lida por brasileiros em todo o mundo foi isto aqui:

“Ele sugeriu que Israel deveria salvar ucranianos como os judeus foram salvos por eles há 80 anos. Omitiu, no entanto, o papel da milícia colaboracionista dos nazistas que atuou em seu país e contribuiu nos massacres executados durante a Segunda Guerra.”

Não imagino que você tenha lido isto em algum lugar. Apenas mostra o profundo e total desconhecimento da participação da Ucrânia ao lado das tropas da Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial. Então, por favor, tenha a dignidade de assumir que errou e se corrigir. Afinal você publicou fake news, na mídia que grita aos sete ventos que jamais publica fake news.

A definição de milícia é uma tropa formada por civis armados não uniformizados ou mal uniformizados. Isso não existiu na Ucrânia na Segunda Guerra Mundial.

Não existiu “milícia colaboracionista ucraniana”. Os ucranianos SE VOLUNTARIARAM para lutar pela Alemanha Nazista contra a União Soviética e compuseram a 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen SS Galizien (com sede na Galícia), conhecida como Primeira Ucraniana. Note Cohen, os ucranianos não compuseram o exército regular alemão e sem a SS. O número de homens ucranianos dispostos a lutar por Adolf Hitler e pela suástica foi de 81.999 alistamentos voluntários. 42.000 passaram pela primeira fase de seleção e 13.000 foram incorporados na primeira formação da divisão. Ao longo de dois anos de guerra, praticamente todos aqueles 29.000 restantes seriam chamados como tropas de completamente de perdas. Não era uma “milícia colaboracionista”, mas uma Divisão da SS que tomou parte do extermínio e destruição do Gueto de Varsóvia e cuja principal missão era a guarda de campos de concentração da Alemanha Nazista no território polonês ocupado e guarda de campos de prisioneiros soviéticos.

Cartaz de recrutamento para a a Divisão SS Galizien ucraniana. foto da Wiki russa

Os cossacos ucranianos e siberianos tem uma história diferente. Eles também se uniram a Adolf Hitler e compuseram XV Corpo de Cavalaria Cossaco da SS. Note novamente Cohen: da SS e não do exército regular nazistas. Nada menos que 35.000 cossacos ucranianos vestiram o uniforme alemão, usaram os SS em raios e a caveira e saíram com seus cavalos armas e espadas caçando judeus e guerrilheiros partisans.

Os policiais ucranianos arrebanhavam os judeus e os levavam para os pontos de extermínio determinados pelas tropas nazistas, como os 32.000 judeus de Kiev abatidos à balaços na ravina de Babi Yar. Os policiais ucranianos iam pegar os judeus nas casas deles e os escoltavam até o local do abate, onde presenciavam a matança e iam proceder o novo lote. Não há milícia colaboracionista nesta história.

Mulheres ucranianas com trajes típicos levando o Leão Ucraniano escoltado por estandartes da SS em Lvow. Um grupo enorme de oficiais alemães assiste o desfile. È uma foto que não deixa dúvidas do que estava acontecendo com o povo ucraniano no início de 1943. foto da Wiki russa.

Cohen, não exisitiu milícia colaboracionista nenhuma! Foram quase 100.000 soldados ucranianos da SS de Hitler !!!

Hoje, uma minoria insignificante, que antes da guerra giraria no máximo em 2.000 pessoas, a maioria descendentes diretos dos nazistas ucranianos, compunham o Batalhão de Azov. Apenas 2.000 pessoas em 44.130.000.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.

One thought on “Carta aberta a Sandra Cohen da Globo/G1

  • Sou muito leigo em todos esses assuntos, e mesmo para um leigo como eu, seria muita falta de senso crítico não perceber a desonestidade desta senhora Sandra Cohen. Hoje ela publicou mais uma notícia em seu blog no G1 com o título “Pressão da China sobre Taiwan seguiria mesmo sem a visita de Nancy Pelosi”, fala sério. O que está senhora ganha com isto? Dinheiro? Vale mesmo a pena? Todos um dia morrem e o nome desta senha estará a estes artigos, uma vergonha.

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