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Comentário de Lula foi além de determinar que os judeus são nazistas. Entenda de onde isso vem

Você se surpreendeu com Lula publicamente, numa entrevista em um evento internacional, igualando o Estado de Israel à Alemanha Nazista, e a defesa dos judeus contra um grupo terrorista que desde a sua fundação em 1984 até este exato segundo, escreveu, discursou, publicou, confirmou, viralizou, e repete à exaustão que sua missão neste planeta é eliminar todos os judeus, de ação similar ao Holocausto?

Se surpreendeu por ele afirmar que Israel usa um exército muito preparado para combater, não soldados, mas apenas mulheres e crianças?

Não devia. Nada mudou na linha dura marxista do PT. O que mudou é Lula estar sendo pautado por ela. Lula, em pessoa determinou à PF e ao ministério da justiça em seu primeiro mandato que fechasse todos os sites neonazistas brasileiros hospedados na Argentina. E isso aconteceu, com apoio da ong Safernet (lembra dela ter existido?).

Lula apostou a primeira assinatura ao pedido para a ONU criar o dia 27 de jan, como o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, e fez questão de estar no RJ, no Palácio Itamaraty, nos dois ou três primeiros eventos. Eu estava lá e o vi chorar ao final do depoimento do brigadeiro Ruy Moreira Lima (Senta Pua) que, por acidente, acabou em território polonês e foi levado pelos pilotos soviéticos para visitar Auschwitz. O brigadeiro Ruy, terminou o depoimento dele com: “Hoje tem muita gente dizendo que o Holocausto aconteceu. Mas eu estive lá! Eu vi !!!” E eu, Zé, também vi Lula ir às lagrimas naquele momento. E temos isso em vídeo oficial da Agência Brasil e da FIERJ.

Hoje tem muita gente dizendo que Lula não sabe o que é o Holocausto, nem o que é Israel, nem o que são os judeus. Mas Lula esteve lá, esteve em Israel e viu. Ademais, desde o início do PT, existia uma seção denominada CAJU – Centro de Assuntos Judaicos, do Partido dos Trabalhadores. Disse-me isso, alguém que esteve lá, e que viu!. Você não vai encontrar uma referência sequer ao CAJU, do qual provavelmente participaram, pelo menos, Mas Altman (falecido), Clara Ant e Jaques Wagner, os principais judeus no PT. Calados. Absolutamente calados. Não sabemos se por pressão ou se por concordarem com Altman, Genuíno e Lula.

Gente mais nova, que não é da época do CAJU, como André Singer e o ministro Fucs, igualmente calados. Se os ministros do Supremo falam o que bem entendem, então devemos entender que Fucs e Barroso, não pretendem se pronunciar pelas declarações abertamente antissemitas de Altman, Genuíno e Lula.

É claro que vou perguntar: afinal de contas, por que o Partido dos Trabalhadores tinha um Centro de Assuntos Judaicos? Não faço ideia. Sei que existiu. Nunca soube quem estava lá, se eram judeus, se não eram judeus, se eram ambos, e quais as pautas tratadas. Talvez um dia saberemos. Existia um centro de assuntos islâmicos? Não. Um centro de assuntos de religiões de matriz africana? Não. Um centro de assuntos sobre homossexualidade (termo politicamente correto daquela época). Não. Então, porque havia “assuntos judaicos”?

Nos cartuns você vê porque existiu o CAJU. Pelos documentos, não pelos livros de história, sabe-se que a União Soviética fez um jogo muito efetivo em 1967. Informou ao Egito (país de sua esfera de influência militar), que Israel estava se preparando para atacar. Nasser mobilizou suas unidades de tanques e infantaria blindada para a fronteira entre os desertos do Sinai e Negev.

Feito este movimento, o embaixador soviético, pois a URSS é amiga do regime socialista israelense desde 15 de maio de 1948, informa à Israel que o Egito mobilizou suas tropas e está prestes a atacar Israel, na época sem qualquer apoio dos EUA e com armamento predominantemente francês e britânico. Documentalmente fica muito nítido que Leonid Brejnev (líder máximo da URSS entre 1964 e 1982) enganou o Egito e Israel levando Israel a “atacar para se defender”. A Guerra dos Seis Dias, terminou no dia 10/jun/1967.

“Preocupações familiares” 11/ago/1967

No dia 11/ago/1967, para marcar os dois meses do final da guerra, o jornal Sovietskaya Rossiya (Rússia Soviética, fundado em 1956), publica o primeiro cartum (acima) desalinhando totalmente os soviéticos em relação ao Estado Judeu, e com isso promovem a mesma informação a todos os partidos comunistas do mundo. E agora, dia 18/fev/2024, 57 anos, duas gerações depois, o discurso comunista dentro do PT continua o mesmo criado pelo Partido Comunista Soviético em 1967.

Um esqueleto em uniforma nazista vende para um soldado judeu os planos de uma câmara de gás e crematório para ser usada contra os árabes prisioneiros de guerra, de mãos ao alto, encostados no muro. O banho de sangue foi tão grande que o judeu está com sangue nas canelas e joelhos e deixa pegadas ensanguentadas. No cinto, uma granada tipicamente alemã da Segunda Guerra Mundial, uma genérica e um punhal sujo de sangue.

Sobre as faixa azuis da bandeira de Israel está escrito “Espaço de Convivência”, ou seja, a convivência entre judeus e árabes, significa os judeus serem os novos nazistas e patrocinarem o holocausto, o genocídio dos árabes. Na mala, o fantasma nazista ainda traz um desgastado machado de matar judeus, ainda sujo de sangue, para os judeus matarem os árabes.

Talvez os brasileiros se recordem do jornal Pravda (A Verdade), como o top do jornalismo estatal soviético. Mas este Sovetskaya Rossiya era importantíssimo por ser o órgão oficial do Soviet Supremo e do Conselho de Ministros soviéticos, com tiragem normal de 2.500.000 exemplares, em cada uma de suas seis edições semanais. Era, muito importante.

Em outubro de 1967, a URSS rompe relações diplomáticas com Israel, e é apenas neste momento que os Estados Unidos se aproximam, aproveitando a brecha. A partir daí, Israel passa a ser “a ponta de lança do imperialismo ianque no Oriente Médio”, deixando absolutamente de lado que os EUA criaram a Arábia Saudita em 1936 e mantinham lá milhares de soldados, navios, aviões, blindados etc, enquanto em Israel não havia soldados norte-americanos.

“Talento e seus admiradores 11/mar/1970”

O segundo cartum, publicado em março de 1970 é muito mais demonizador, pois mostra que os judeus em Israel são exatamente “os novos nazistas”, construindo campos de concentração para os árabes. A verdade histórica de que nenhum “campo de refugiados palestinos” foi construído por Israel e pelos judeus, e sim pelo Egito, Jordânia, Síria e Líbano, é limada da história “humanista”. Até hoje a esquerda define Gaza, como um campo de concentração, mesmo que Israel tenha se retirado totalmente de lá em 2005. De 2005 a 2024, se era um “campo de concentração” era gerenciado pelo Hamas e pela UNRWA, não por Israel.

Quanto a não aceitação dogmática do direito internacional do Estado de Israel se defender de quem o quer destruir e matar seus cidadãos, existe um problema educacional das esquerdas. Elas não sabem o que são os muçulmanos, o que são os jihadistas, imaginam que os palestinos todos, são como uma minoriazinha minúscula de árabes cristãos ortodoxos, criadores da FPLP – Frente Popular de Libertação da Palestina, grupo terrorista cristão marxista. A esquerda não sabe que não existem muçulmanos comunistas, muito menos socialistas, ainda assim, se enchem de amores por eles.

Tudo que a esquerda defende em termos de liberdade de gênero, empoderamento feminino, sindicalismo, “democracia”, existe em Israel e não existe na Faixa Gaza, na Autoridade Palestina ou nos países árabes muçulmanos. Ainda assim o discurso da esquerda política brasileira, é favorável aos países que enforcam homossexuais, que apedrejam adúlteras, que chicoteiam e enforcam quem consumir álcool, e contra Israel, que teve Tel Aviv eleita como o melhor destino de turismo LGBT antes da pandemia, onde as mulheres tem o mesmo status que os homens (não nas comunidades ortodoxas), onde Lula poderia tomar uma cervejinha e uma caipirinha na praia e onde os criminosos são punidos pela lei, e não pelo Corão.

Lula e o PT, e o PSOL, e PCdoB, e o PSTU, e o PCO, e UP e os outros não criaram a ilação dos judeus serem os novos nazistas. Os quadros destes partidos, foram educados e treinados, por mais de cinco décadas, nesta crença criada pela inteligentzia soviética de 1967, e repetida, sem discernimento, pela ignorantzia brasileira de 2024.

MAIS ALGUNS CARTUNS ANTISSEMITAS OFICIAS DA UNIÃO SOVIÉTICA QUE DÃO A PAUTA DA CARTILHA MARXISTA COMUNISTA BRASILEIRA EM RELAÇÃO À ISRAEL E AOS JUDEUS

Existe uma semelhança total aos libelos de sangue medievais promovidos e publicados pela Igreja Católica. Da mesma forma que a CNBB não aceitou que o Vaticano tenha removido a culpa coletiva dos judeus pela morte de “Deus”, de Jesus, no ano de 1964, só implementando parcialmente tal decisão na Páscoa de 2018, parece que os comunistas brasileiros ficaram aferrados às cartilhas, livros e apostilas soviéticas mesmo depois da queda e esfacelamento da União Soviética em 1991. A ordem de descartar o material de ensino e propaganda ultrapassado pela história, nunca existiu.

Em 1968 a víbora, a serpente judaica (mostrada como um cifrão) era acusada de controlar o preço do petróleo pelas armas. Israel não tinha petróleo! Os países árabes e o Irã é que tinham. Ademais, a União Soviética era o maior produtor de petróleo do mundo e nunca fez parte da OPEP. Hoje a Rússia é o maior produtor de petróleo do mundo. Mas em 1968, entenderam que deviam colocar a culpa dos aumentos de preços nos judeus e em Israel. Até hoje, sempre que você encontrar um carro de som do Sindicato dos Trabalhadores da Petrobrás, alguém vai estar sobre ele gritando que “Israel controla o petróleo do Oriente Médio”. Parece que Arábia Saudita, Kwait, Iraque, Irã, Líbia, Argélia, Nigéria e Rússia, sequer existem
Janeiro de 1970, “Atirando a queima-roupa”, outro cartum mostrando Moshe Dayan atacando para controlar o petróleo a mando dos EUA”
32/jul/1969 “O cachorrinho conhece sua própria força porque não está sozinho!” Este cartum tinha um texto como legenda: “Os extremistas israelenses continuam com suas provocações abertas porque tem o suporte do imperialismo americano”
1971 “A bandeira da gang sionista”, obviamente os judeus são nazistas e criminosos.
21/mar/1971 novamente os judeus e sionistas mostrados como uma cobra que controla o petróleo pela força das armas. A víbora sionistas prestes a cravar suas presas em outro produtor de petróleo. O fato do Egito, Jordânia, Síria e Líbano não serem produtores de petróleo, não importa na propaganda demonizadora antissemita.
22/jan/1972 “À sua imagem e semelhança”, arte horrível mostrando que os judeus foram criados à imagem e semelhança de Adolf Hitler, dos nazistas, e não de Deus como consta na Bíblia”.
5/mar/1972 “Aprendemos a lição da Segunda Guerra Mundial”, agora somos os nazistas.
Detalhe de carro alegórico da parada de Primeiro de Maio de 1972 (Dia do Trabalho), em Moscou. Felizes crianças comunistas e a aranha judaica terrível as ameaça: “O sionismo é a arma do imperialismo”.

Conhecer este material e entender que o discurso boboca de esquerda atual é algo mofado na história é compreender que as falas de hoje não foram nem criadas hoje, nem criadas por quem as profere. Tudo isso lhes foi ensinado.

VOCÊ SABIA QUE A ESQUERDA MUNDIAL E A ESQUERDA JUDAICA AFIRMAM QUE NUNCA EXISTIU ANTISSEMITISMO NA UNIÃO SOVIÉTICA?

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.