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Discurso de Nasrallah não foi o que todos esperavam

Onde está o ataque do Hezbollah? O discurso do Nasrahalla foi um factoide gigante. Há anos ele é em embarreirado nas TVs árabes e foi transmitido ao vivo, de graça, por todas elas. GÊNIO DO MARKETING.

Ruas de Beirute lotadas para ouvi-lo.

Resumo. Disse um monte de bobagens como o ataque do dia 7 ter sido bem sucedido porque os soldados de Israel estavam todos bêbados devido a festa (Simcha Torá) da noite anterior (note que a bebida alcoólica é proibida no Islã, então essa é uma declaração sobre o comportamento podre dos infiéis).

Disse que todos estavam esperando por ele declarar guerra hoje, mas o Hezbollah está em guerra desde o dia 8: “Alguns querem que iniciemos uma guerra em grande escala, e para eles as ações na fronteira norte podem ser vistas como limitadas, mas definitivamente não são. Mesmo que chamem as nossas acções de limitadas até agora, certamente não permanecerão o que chamam de “limitadas”, e o que está a acontecer agora não tem precedentes. O Hezbollah está a travar uma verdadeira guerra desde 8 de Outubro, e ninguém consegue sentir o que realmente está a acontecer, excepto aqueles que estão nesta batalha.”

(De fato o Hezbollah dispara morteiros de curto alcance e foguetes antitanque de curtíssimo alcance contra Israel todos os dias, sem atingir nada e as equipes que disparam são alvejadas pela artilharia e aviação de Israel. O que significa isso? Diferente dos sunitas onde o martírio pode ser alcançado em combate ou em ações suicidas fora de uma guerra, para os xiitas isso acontece apenas durante uma guerra. Ao declarar que estão em guerra desde o dia 8, todos os homens abatidos por Israel são considerados mártires. Ou seja, disparam sem chance de atingir alvos para serem mortos pelo IDF e ascenderem ao Paraíso. Não importa se vc não acredita nisto. Eles acreditam).

Nasrallah não culpa os judeus, cita o aiatolá Khomeini, falecido líder da Revolução Islâmica no Irã em 1979: “Os Estados Unidos são o grande Satan (Shaitan em árabe).” E acusa os EUA de terem causado a guerra. “Israel é apenas uma ferramenta”.

Sobre o Hamas, a declaração é surpreendente e muito teológica: “O Hamas esperava esta retaliação israelense, e uma ação tão grande merece grande sacrifício, e o povo de Gaza estava preparado para sacrificar. Não havia outra opção para Gaza, exceto esperar e morrer, por isso eles resistem.”

“Como ousam ameaçar a Resistência?” Falando sobre os EUA. Naturalmente só o Irã, ele e o Hamas podem ameaçar, e é inaceitável serem ameaçados.

Encerra o discurso com a frase de fé que não consta do Corāo, mas está em algumas hadiths (histórias, similares teológicas mishnás judaicas): “Acreditamos na promessa de Allah de que ele tornará os muçulmamos vitoriosos, e Allah sempre cumpre sua promessa.”

Para os sunitas o texto é diferente: “Os verdadeiros muçulmamos sempre vencerāo suas batalhas”. Este é o ponto teológico que faz com que SEMPRE se declarem vencedores, mesmo que absolutamente derrotados. Se se declararem derrotados, não serão verdadeiros muçulmamos. O Egito venceu a Guerra do Ramadā (Guerra o Iom Kipur) e tem o museu da vitória no Cairo, por exemplo.

“Parece que Israel não aprende lições do passado, especialmente quando se trata de suas guerras com a resistência em Gaza e no Líbano.” (Porque perdeu todas.)

Agora percebam como é o racismo antiseemita. No dia 28, o Bibi Netanyahu fez uma citação “Lembrem de Amalek”, três palavras que estão na Torá. A esquerda judaica e a esquerda na mídia foram para cima como prova do racismo do governo de Israel.

Já os líderes do Hamas citam o Corão o tempo todo, afirmando que vão dominar o planeta e ter um mundo sem “os judeus e os traiçoeiros cristãos”, como está escrito no Corão e absolutamente ninguém se importa.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.