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Governo de Israel aprova fundos para registrar testemunhos de sobreviventes do Holocausto para o futuro

O governo interino de Israel aprovou no domingo a alocação de NIS 3,5 milhões (US$ 1 milhão) para a gravação de testemunhos em vídeo de sobreviventes do Holocausto para as gerações futuras.

O financiamento irá para a criação de gravações de sobreviventes de Israel e de todo o mundo.

A campanha é vista como uma medida importante para preservar a memória do Holocausto, considerando o número cada vez menor de sobreviventes e a idade avançada.

O material coletado será digitalizado e usado online, principalmente nas mídias sociais, em um esforço para tornar a educação sobre o Holocausto mais acessível às gerações mais jovens, de acordo com um comunicado do governo.

Os testemunhos também serão integrados ao sistema educacional de Israel e de outros países participantes.

OBS de Menorah: é uma notícia boa ou uma notícia estranha? Será que o governo de Lapid e seus ministros esqueceram que Steven Spielberg já fez isto por conta própria e que nada menos de 250.000 depoimentos estão armazenados em diversos tipos de fitas e sistemas de gravação no arquivo do Yad Vashem?

Entendemos que se for possível gravar com os sobreviventes atuais em 4K ou 8K, teremos um material de altíssima qualidade, na proporção 16:9 (ou maior) se comparado aos arquivos do Spielberg, gravados em Pal, Pal-M e NTSC no tamanho de imagem antiga de TV e na proporção 4:3.

Mas há uma questão muito séria aqui. A média de idade dos sobreviventes atuais é de 86 anos, isto é, nascidos em 1934 ou mais novos. Eram crianças. Em 1945 tinham apenas 11 anos de idade. Não possuem as memórias de jovens e adultos que constam do arquivo do Spielberg.

A saber, ele não conseguiu verba ou apoio para digitalizar e editar 250.000 depoimentos. Não são 250.000 horas. Existem depoimentos de mais de três ou quatro horas.

Nestes últimos anos o Spielberg desenvolveu sistemas de hologramas de sobreviventes que respondem interativamente às perguntas feitas pelas pessoas que assistem os depoimentos. Tal tecnologia espetacular já está em uso em pelo menos quatro museus nos Estados Unidos.

Imagem: ilustrativa – Annie Levy, sobrevivente do Holocausto que vive em Nova Orleans, EUA, entrevistada por Ronaldo Gomlevsky, auto da foto.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.