Israel anunciou luto nacional pela tragédia no Monte Meron
Após a tragédia ocorrida durante a festa no Monte Meron, Israel declarou luto nacional no último domingo. As bandeiras estaduais foram baixadas a meio mastro na residência do presidente, no Knesset, em prédios públicos, nas bases das FDI (Forças de Defesa de Israel) e nas embaixadas e consulados israelenses. O Itamaraty vai abrir um livro de condolências para diplomatas em Israel. Ao longo do fim de semana, foram recebidas mensagens de condolências e solidariedade de cidadãos e autoridades de outros países.
Entenda melhor a festa judaica durante a qual aconteceu a tragédia
Lag BaOmer é o 33º dia dos 49 dias entre as festas de Pessach e Shavuot( Pentecostes). Um omer (medida bíblica de capacidade, correspondendo a um feixe de cevada) era levado ao Templo como oferenda de primícia até Shavuot.
É uma festa que se refere a três eventos que ocorreram no segundo século, todos ligados à figura do Rabino Akiva.Akiba era um homem pobre e ignorante que somente aos 40 anos começou a estudar Torá e, graças à sua habilidade, esforço e perseverança, tornou-se um dos maiores sábios e professores da história do povo judeu.Ele chefiou uma academia de estudos da Torá que alcançou mais de 24.000 alunos em Israel.
O início de uma epidemia dizimou os alunos do Rabino Akiva ao longo do período da contagem do omer, A referida praga acabou no dia 18 de Iar (mês judaico), no 33º dia daquele relato do ano de 134, o que deu origem ao nome da festa: Lag Baomer, 33 (valor das letras lamed e gimel segundo o código da gematria) na contagem do omer.O grande número de mortes e sofrimentos sofridos pelos discípulos do rabino Akiba levou aqueles que fazem a contagem do omer a serem considerados dias de luto, com a proibição de casar, celebrar ou cortar os cabelos, por exemplo.Essa dor foi interrompida em Lag Baomer, que se tornou um feriado, embora um dia útil.
Lag Ba Omer também marca o Yortzeit (aniversário da data hebraica de falecimento) de Rabi Shimon Bar Yo’hai, o mais notável dos alunos do rabino Akiba, e a quem se atribui a autoria do Zohar – o texto fundamental da Cabalá. Rabi Shimon antes de falecer rezou a Deus para que o dia de seu passamento fosse de alegria. Ao falecer, um colorido arco-íris despontou no céu. A prece de Rabi Shimon fora atendida. . Muitas velas são acesas nas sinagogas e costuma-se acender uma grande fogueira, em sua homenagem.
As crianças são levadas a passeios pelos bosques e campos, para brincar com arcos e flechas, lembrando a época em que os alunos de Rabi Akiva, para poder estudar a Torá em paz, longe dos romanos, saíam para os campos, aparentemente para jogos e brincadeiras.
O notável sábio rabino Akiva tornou-se um fervoroso defensor de Simeon bar Koseva, conhecido como Bar Kochba , que em 132 EC liderou uma revolta feroz, mas malsucedida, contra o domínio romano na Judeia. Akiva não apenas depositou suas esperanças em uma vitória política sobre Roma, mas acreditava que Bar Kochba era o tão esperado Messias. Muitos dos alunos do rabino Akiva, incentivados pelo próprio rabino se juntaram a Bar Kochba, mas foram mortos junto com milhares de judeus quando a revolta falhou.
A prática de se acender fogueiras e velas em Lag BaOmer resulta de um antigo costume – que perdura até o dia de hoje – o de se acender uma grande fogueira próximo ao túmulo de Rabi Shimon bar Yochai, em Meron, ao norte de Israel. O costume de se acender a fogueira para Rabi Shimon é, provavelmente, remanescente de um costume observado à época do Primeiro e do Segundo Templos de Jerusalém. Quando morria um rei, o povo fazia uma fogueira imensa, na qual atiravam artigos pertencentes ao monarca falecido. Era uma forma de lamentação, mas também uma expressão de solenidade, que transmitia a majestade da realeza.