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Jonas Salk, o cientista que não quis lucrar com a patente de uma vacina

Jonas Edward Salk nasceu em 28 de outubro de 1914 em Nova York, o mais velho de três filhos de imigrantes judeus russos Daniel e Dora Salk.

O primeiro membro de sua família a frequentar a faculdade, ele se formou em medicina pela Escola de Medicina da Universidade de Nova York em 1939, onde trabalhou com Thomas Francis Jr., que estava realizando estudos de imunologia de vírus mortos.

Por ser filho de judeus,o médico encontrou dificuldades para conseguir trabalho na área de investigação de doenças, devido às cotas judaicas da maioria dos estabelecimentos de pesquisa médica americanos. Ele via esses obstáculos como desafios:

“Eu era consciente de que algumas portas que me foram fechadas resultaram em outras portas que se abriram.”

Salk juntou-se a Francis em 1942 na Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan e tornou-se parte de um grupo que estava trabalhando para desenvolver uma imunização contra a gripe.

No final dos anos 1940 e início dos anos 1950, ele – como pesquisadores de todo o mundo – voltou sua atenção para uma das crises de saúde pública mais urgentes da época: a poliomielite.

Ao contrário da opinião científica predominante da época, Salk acreditava que sua vacina, composta de vírus da poliomielite “morto”, poderia imunizar sem risco de infectar o paciente. Salk testou seu experimento em voluntários que não tiveram poliomielite, incluindo ele mesmo, seu cientista de laboratório, sua esposa e seus filhos. Todos desenvolveram anticorpos antipólio e não apresentaram reações negativas à vacina.

Em 1954, os testes nacionais começaram em um milhão de crianças, com idades entre seis e nove anos, que ficaram conhecidas como Pioneiros da Pólio. Em 12 de abril de 1955, os resultados foram anunciados: a vacina era segura e eficaz. Nos dois anos antes da vacina estar amplamente disponível, o número médio de casos de poliomielite nos EUA foi de mais de 45.000. Em 1962, esse número caiu para 910.

Em 1960 fundou o Salk Institute, um centro de pesquisa médica de renome mundial. Salk também publicou vários livros e é considerado o pai do campo da “biofilosofia”.

Numa entrevista à um canal de televisão o jornalista Edward R. Murrow perguntou ao Dr. Salk quem era o proprietário da patente da vacina contra a poliomielite que ele havia inventado. Salk respondeu: “Bem, as pessoas, eu diria. Não há patente. Você poderia patentear o Sol?”

Por não lucrar com suas vacinas, tanto o Dr. Salk quanto o Dr. Sabin ajudaram a garantir que as vacinas permanecessem baratas e amplamente disponíveis.

Salk passou seus últimos anos procurando uma vacina contra a AIDS. Ele morreu em 23 de junho de 1995, aos 80 anos, em La Jolla, Califórnia.

DIFERENÇA ENTRE AS VACINAS SALK E SABIN

A abordagem de Albert Sabin foi genial. Entendendo que o vírus da poliomielite era encontrado nos esgotos, principalmente das nas valas a céu aberto tão conhecidas tanto em pequenas cidades do Brasil como nas favelas (uma realidade global e não apenas brasileira), verificou que a contaminação se dava pelo contado direto das crianças com os esgotos. Deste modo criou a vacina da “gotinha”, com vírus atenuado. Sendo ingerida pela boca e passando pelo aparelho digestivo, no fim das contas a vacina também ia parar nos esgotos a céu aberto que passavam a ter vírus integral e vírus atenuado. Como o contato com o esgoto e dejetos humanos não podia ser interrompido de uma hora para outra, esta abordagem inusitada funcionou em todos os locais onde aconteceram vacinações em massa. Ademais, as crianças não precisavam temer as agulhas.

Ronaldo Gomlevsky dando um beijo em Albert Sabin,
durante a visita do cientista ao Brasil: um agradecimento
por todas as crianças do mundo salvas da pólio.

Já a abordagem de Salk foi conservadora, conseguindo ele inativar o vírus para ser inoculado em injeção normal. Hoje, a vacinação contra pólio é realizada com a vacina Salk, no Brasil. O Zé Gotinha ficou na saudade, mas a vacina Sabin ainda é utilizada em localidades e regiões sem tratamento de esgoto.

Imagem – Jonas Salk com David Ben-Gurion em Jerusalém, 1959. Fritz Cohen, domínio público, via Wikimedia Commons.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.