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Judeus marroquinos vivem na Ilha de Marajó

A presença judaica na região amazônica teve o seu início no século XIX, um pouco antes da exploração da borracha, sendo essa atividade também considerada como um dos motivos para que a região fosse bastante atrativa para os imigrantes. Outro fator determinante foi a cultura local, que não se opôs ou reprimiu a expressão da cultura ou religião judaica.

Decretada por Dom João VI, estava em vigor uma certa liberdade de culto, cancelando as inquisições impostas anteriormente. Os judeus encontraram uma liberdade que não tinham no Marrocos, sentindo-se à vontade para realizar todos os seus rituais e também para a construção de sinagogas, como é o caso da Shaar Hashamaim, construída em 1889, em Belém.

Belém foi a porta de entrada para que os judeus pudessem chegar na região e fossem acomodados e espalhados pelas cidadezinhas locais, onde poderiam vender as mercadorias dos comerciantes da capital, além da realização de outros tipos de serviços. Breves era uma das cidades mais influentes na época, pois além de sua proximidade com Belém, era um dos centros de produção da borracha e já era considerada uma vila.

Esses fatores fizeram com que diversas famílias judias fossem atraídas para o local, buscando moradia e também uma facilidade para exercer o seu trabalho. Não foi somente Breves que teve a honra de receber os judeus marroquinos, outras cidades também fizeram parte dessa magnífica história, como é o caso das cidades de Muaná, Melgaço, Gurupá e Portel. A partir do momento em que começou o declínio da borracha, os judeus foram migrando para outras regiões, como Manaus, Belém, Rio de Janeiro e São Paulo, caracterizando uma decadência da presença física. 

Entendendo a história através das famílias

A família pode ser considerada um caminho direto para entender o passado e também compreender o presente, pois é ela que carrega as marcas da história. A passagem dos judeus marroquinos na região fez com que diversos costumes e crenças sofressem influências. Diversos comportamentos, ainda hoje, levam os traços dos antepassados.

A conexão com o passado irá existir, independente da vontade exposta, pois, os seres do presente são o conjunto de informações inconscientes e biológicas dos que já existiram. A capacidade de pensar do ser humano faz com que ele tenha algumas necessidades, além das físicas, para que ele consiga seguir o caminho da evolução. O campo das ideias pode passar por diversos trajetos necessários para que a mente consiga evoluir, sendo o passado uma fonte fundamental para que esse caminho seja trilhado.

Quando é feito um estudo genealógico das diversas famílias que passaram pelo processo de imigração e emigração como o dos judeus marroquinos, é necessário entender toda história em que o grupo familiar estava inserido, fazendo com que seja feita uma gloriosa viagem no tempo. Todo esse desenvolvimento cria uma camada de sabedoria que servirá como base para diversos fatores influenciadores do presente, sendo fundamental para entender sentimentos, comportamentos e também características biológicas.

A imigração judaica pode ser entendida, de forma geral, através de um levantamento histórico, conforme apresentado. Porém, os contextos emocionais e os laços criados na época só poderão ser transparecidos através das histórias dos familiares que viveram e sentiram de perto todas as sensações que a época proporcionou. Por mais que tenha ocorrido uma evasão, logo após o fim dos trabalhos relacionados ao ciclo da borracha, ainda é possível encontrar descendentes na região, que contam e encantam a todos que têm a oportunidade de ouvir as passagens deixadas por seus ascendentes.

Todas as famílias judias que fizeram parte dessa história merecem o devido respeito, pois a estrada percorrida para que os descendentes pudessem estar aqui para relatar a história foi repleta de momentos difíceis, embora a maioria tenha conseguido superar os obstáculos.

Contar as passagens de todas as famílias seria um ato fortificante, porém, as histórias que serão relatadas aqui podem servir, com todo o respeito, como representantes de todas as famílias judias que fizeram parte dessa trajetória incrível. Como forma de facilitar o entendimento das histórias que serão apresentadas e também pelo fato de os judeus terem se espalhado pela Ilha de Marajó, veja os sobrenomes das famílias e o nome das cidades que eles escolheram, na época, como a nova morada: Elmescany e Levy representam a cidade de Muaná; Maud e Perez, em Gurupá; Gabbay, Perez, Chocron, Sarraf, Athias, Farache e Bottebol alocaram-se em Breves; Sarraf e a família Benzecry, em Portel; A família Sarraf também esteve em Melgaço. As primeiras famílias que chegaram à região foram os Gabbay, os Athias, os Farache, os Roffé, os Chocron, os Bottebol e os Sarraf, próximo ao segundo auge do ciclo da borracha.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.