Kanye West posta comentários antissemitas e estimula manifestações públicas de ódio aos judeus.
Na semana que passou o rapper americano Kanye West sofreu punições nas contas das redes sociais, depois que algumas de suas postagens foram denunciados como antissemitas.
As punições tiveram início depois que respondeu a um post no instagram do rapper Sean Diddy, na qual criticava a camisa que Kanye vestiu na semana de moda de Paris com a estampa “White Live Matters” (vidas brancas importam).
Na legenda, West respondeu: “Jesus é judeu. Isso não é um jogo. Vou usar você como exemplo para mostrar ao povo judeu que disse para você me ligar, que ninguém pode me ameaçar ou influenciar. Eu disse que isso era uma guerra. Agora vá arranjar alguns negócios para você”.
Em reação ao post, o Instagram restringiu a conta de Ye,como West é atualmente chamado, impedindo-o de postar, comentar ou enviar mensagens privadas.
O rapper então mencionou novamento os judeus em um tweet que também foi apagado:
“I’m a bit sleepy tonight but when I wake up I’m going death con 3 On JEWISH PEOPLE.”
Que poderia ser traduzido por
“Estou um pouco sonolento esta noite, mas quando eu acordar vou morrer com 3 do POVO JUDEU. O engraçado é que eu realmente não posso ser antissemita porque os negros também são judeus”.
A tradução desse post é controversa. Não se sabe se Ye pretendia escrever “defcon” na frase ou se a intenção era realmente digitar “death con”.
A expressão “defcon” é utilizada por militares para caracterizar ameaças à segurança nacional, em que o nível 5 seria o mais baixo e 1, o mais alto.
Isto é, caso a intenção de Kanye fosse escrever “defcon”, o tweet indicaria que o cantor estava se preparando para algum tipo de ameaça do povo judeu; se fosse a segunda hipótese, porém, sugeriria que ele mesmo iria infligir algum tipo de violência à população judia.
Apesar de ter negado que a publicação fosse de teor antissemita,que a postagem de Ye foi removida da rede social por violação das regras da plataforma
O Comitê Judaico Americano (AJC) se manifestou em vídeo publicado nas redes sociais repudiando as falas do rapper.
Após ser banido de outras redes sociais, o rapper Kanye West, também chamado de Ye, decidiu comprar a empresa de mídia social Parler, uma plataforma que se apresenta como uma alternativa de “liberdade de expressão” ao Twitter.
Dias depois numa entrevista em programa de TV americano, perguntado se achava que seus comentários eram racistas, o rapper admitiu que seus comentários foram racistas e pediu desculpas sem entusiasmo aos judeus e ‘famílias que não tiveram nada a ver com o trauma pelo qual passei’.
Mas o prejuízo foi grande para o músico. A grife de luxo Balenciaga anunciou que encerrou o contrato com o músico devido a seus comentários antissemitas. Além disso, integrantes da Liga Anti-difamação (ADL, na sigla em inglês), escreveram uma carta aberta à Adidas pedindo que ela também reconsiderasse o lançamento de uma linha de produtos ligada ao músico.
Um grupo antissemita e supremacista branco pendurou uma faixa acima de uma movimentada rodovia de Los Angeles no sábado, onde se lia “Kanye está certo sobre os judeus” após os comentários antissemitas amplamente condenados do rapper.
O grupo responsável pelos banners acima da Interestadual 405 parece ser a Liga de Defesa Goyim, grupo independente de teóricos da conspiração virulentamente antissemitas, de acordo com a Liga Antidifamação.
Um grupo também foi fotografado levantando os braços em uma saudação nazista acima das faixas.
Foto:
A faixa da Liga de Defesa Goyim acima rodovia Interestadual 405 de Los Angeles no sábado. Reprodução do Twitter.