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Irã usa civis ucranianos para testar suas armas

Calma, não fique impressionado nem chateado. Esse é um título intencionalmente distorcido para o leitor se recordar de que este, sempre foi o título para uso de armas avançadas israelenses contra os palestinos.

Ou seja, quando a Rússia ataca deliberadamente a população civil ucraniana com suas próprias armas avançadas como mísseis de cruzeiro, mísseis hipersônicos, misseis Grad incendiários, mísseis termobáricos e agora drones suicidas iranianos, está tudo bem, tudo dentro da normalidade esquizofrênica da mídia mundial.

Os judeus são selvagens e as quase 300 mortes de civis protestando no Irã, inclusive mais de 25 crianças, de fato são culpa dos judeus, como afirma o governo iraniano. Não dos judeus iranianos, mas de cada um de nós que não vive no Irã.

Apenas os judeus testam armas militares no campo de batalha contra civis. Russos, Chechenos e Iranianos agem corretamente ao alvejar o inimigo, enquanto Israel é que comete massacres. Ademais, os pérfidos judeus (eu me incluo como autor aqui), ainda por cima cometem a atrocidade ousada de se defender de mísseis! É um absurdo completo: mísseis tem que atingir os civis, seja na Ucrânia, seja em Israel, e os judeus, talvez utilizando magia negra impedem isso.

Alguém no governo iraniano deve ter proibido os aiatolás de jogarem a carta da magia negra (talvez o crime mais hediondo dentro do islã xiita), em relação ao Domo de Ferro, pois os judeus já foram acusados de usar magia negra para causar terremotos no Irã, secas no Irã, enchentes no Irã e até mesmo roubar nuvens para não chover no Irã.

O que se aprende neste momento é que o drone suicida Shahed 136 (testemunha em persa), renomeado pelos russos como Geran-2 (gerânio – a flor) é uma arma eficiente. Com motor a hélice traseiro e velocidade máxima de apenas 185 km/h pode voar por 2.400 km e levar uma ogiva explosiva de 100 kg. Opera em esquadrilhas de cinco drones, lançados simultaneamente e é capaz de se evadir de defesas antiaéreas. Para ter uma ideia do alcance do drone basta saber que entre Kiev e Moscou são cerca de 750 km apenas.

Ainda assim o governo da Ucrânia afirma ter abatido 85% dos drones lançados contra suas cidades. Vários deles foram derrubados por caças Mig-29, usadas também para caçar mísseis de cruzeiro. Uma destas aeronaves acabou abatida depois de atravessar os destroços de um Geran-2 no ar, e o piloto ejetou em segurança. Isso foi no dia 13/out/2022. Um drone de 20 mil dólares abater um caça de fabricação russa de 24 milhões de dólares é um feito militar a ser comemorado em Teerã.

Não se sabe se os drones estão atingindo alvos específicos, principalmente em Kiev ou são disparados “contra a cidade, onde acertar tá bom”, que era a política Alemanha Nazista com as bombas voadores V-1 e V-2 contra Londres principalmente, e depois foi a política soviética com o míssil Scud, derivado direto da V-2, e é a política russa de bombardeio terrorista indiscriminado contra a população civil ucraniana, que morre, enquanto os líderes mundiais condenam.

A pergunta que qualquer judeu ou interessado em Israel precisa fazer é se Israel vai enviar unidades do Domo de Ferro para proteger Kiev. A resposta é simples: não vai. O Domo de Ferro não tem uma produção em massa, como armamentos costumam ter. De fato, Israel não possui unidades suficientes, de acordo com seus próprios planos, principalmente para se proteger de disparos vindos do Norte (Líbano) e Nordeste (Síria).

Mas existem outros armamentos eletrônicos específicos contra drones que já deveriam ter sido enviados para a Ucrânia. Mas vamos pensar sem paixões. A Ucrânia dizimou batalhões blindados russos inteiros utilizando drones de uso comercial comprados pela Internet, principalmente da China, a através do Ali Babba, adaptados com porta-bombas de plástico, produzidos pelos engenheiros militares ucranianos com impressoras 3D. Na sua derrota, os russos entenderam as possibilidades do drones e como não tinham fizeram um acordo com o Irã. Agora a Ucrânia toma o troco.

Putin gostou tanto dos drones que já fez uma encomenda de mísseis terra-terra aos iranianos. Os modelos já foram divulgados: Fateh-110 e Zolfaghar capazes de atingir alvos a 300 km e 700 km respectivamente. Podendo usar suas armas num conflito verdadeiro, os engenheiros iranianos vão aparar as arestas e melhorar seus equipamentos.

O Fateh-110 é um míssil enorme, de 3,5 toneladas, com 9 metros e comprimento e uma ogiva explosiva de 650 kg e sistema de guiagem ao alvo com precisão de 3 metros. O Zolfaghar utiliza a mesma ogiva, possui 10,3 metros de comprimento e sua precisão é de 100 metros a 700 km, ou seja, não é capaz de atingir um alvo, mas apenas uma área próxima.

Ah, se o Zelensky ler isso, tem armas eletrônicas anti-drones no Ali Babba também. É só pedir. Utilizar caças supersônicos para derrubar um alvo de 2,5 metros de largura voando entre 150 e 180 km/h é uma tarefa complicada. Precisa ser criada outra solução.

Opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador.

Imagem: publicação oficial do governo iraniano no Twitter mostrando uma esquadrilha operacional típica de cinco unidades do drone suicida Shahed 136.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.