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Nesta quarta-feira Biden chega à Israel e o mundo pode mudar

A vida do Israelense certamente vai ser bem impactada. O esquema de segurança é sem precedentes. Vão estar envolvidos diretamente 16.000 policiais soldados e voluntários. As estradas por onde a comitiva presidencial vão passar serão totalmente interditadas antes. Para complicar os horários não estão sendo divulgados, por motivos de segurança.

Imagine fechar a estrada entre o aeroporto Ben Gurion e Tel Aviv, e depois até Jerusalém. E verificar e remover qualquer veículo que tenha ficado no caminho. Todas as entradas e saídas das estradas necessárias com bloqueios policiais e militares.

Nos céus, drones e helicópteros. Exclusão aérea na rota do Força Aérea 1 e escolta de caças F-16. Em Ramallah, para o encontro com Abbas… bem, nem uma só linha foi publicada.

A viagem ao Oriente Médio ia ser realizada em sequência à reunião do G7, mas com 79 anos de idade, Biden é o presidente norte-americano mais idoso e uma maratona de 10 dias no exterior parece que ia forçar muito. Então foi dividida em duas etapas.

Os grupos de trabalho dos acordos a serem assinados e anunciados estão a todo vapor e provavelmente nesta terça-feira tudo já estará decidido e os documentos finais redigidos e impressos.

Um dos pontos está na relação da Arábia Saudita com o Egito. Desde a época de Nasser, o Egito ocupou duas ilhas próximas à costa saudita no Estreito de Tiran, saída do Golfo de Aqaba. Com tropas lá e no pequeno forte existente em Sharm el Sheik, o presidente egípcio bloqueou o estreito, sendo este um dos fatores que deflagrou a Guerra dos Seis Dias. Biden costurou um acordo e Sissi, vai devolver às ilhas a família Saud. De fato, a presença de tropas egípcias no forte e nas ilhas não representou absolutamente nada no conflito de 1967. As tropas sauditas, com artilharia estavam no litoral do país e se limitaram a observar o ataque israelense aos egípcios, não tendo disparado um só tiro.

É muito possível que a inclusão da Arábia Saudita nos Acordos de Abrãao aconteça na quinta-feira, quando Biden estará em Jeddah. A recente colocação do clérigo mais farovável à Israel dentro do islã sunita para ser orador do discurso do dia mais importante da peregrinação anual à Meca, o Haj, é um sinal inequívoco. O discurso, visto por centenas de milhões em todo o mundo, pela TV, foi centrada na aceitação dos outros povos de coração aberto.

Outro acordo que interessa aos sauditas e aos norte-americanos é a provável retirada do embargo de venda de armas ofensivas aos sauditas, declarado pelo próprio Biden em fevereiro de 2021. Isso certamente permitirá à Arábia Saudita adquirir os caças stealth F-35.

Dentro dos acordos de armamentos, tudo também indica que Biden fechará com Israel um grande acordo para troca total de tecnologia do Domo de Ferro, que interessa muito aos norte-americanos. Atualmente a colaboração é parcial e os EUA, recém anunciaram a criação de um míssil para alvos maiores e mais afastados com a finalidade de substituir os velhos misseis Patriot. Essa retirada dos Patriot dos cenários de combate é absolutamente necessária.

Uma notícia não confirmada vazada pela mídia israelense, declara que Lapid vai pedir a Biden, autorização para a venda do sistema de defesa antiaérea à raio laser para os países do Golfo se contraporem ao Irã. Esta autorização é necessária pois o projeto é conjunto com o ramo militar da Boeing. Ou seja, grande parte dos acordos militares vão girar em torno de defesas antiaéreas de última geração e da próxima geração. Na Imagem deste post, uma colagem de partes do vídeo oficial de divulgação do Iron Beam (o canhão antiaéreo a laser) ocorrida do no dia 14/abr/2022.

Já o Acordo Nuclear com o Irã, é óbvio que Israel e os países do Golfo vão pressionar Biden mais um pouco, mas as decisões já devem, provavelmente, terem sido tomadas. Hoje, dois dias antes de Biden chegar à região, o Irã acionou um novo grupo de centrífugas avançadas capazes de enriquecer o urânio a 20%. Se é apenas isto que eles estão conseguindo ainda estão muito longe

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.