Guerra de GazaIsraelÚltimas notícias

Nova avaliação de caráter oficial dos danos causados ao Irã


O jornalista israelense Doron Kadosh publicou um apanhado de notícias liberadas pela censura militar que ele publicou em Israel ao longo do dia 28/out. Algumas delas, como vocês poderão confirmar, são diferentes do que vinha sendo dito até o momento sobre o ataque ao Irã. E como foram liberadas para publicação, podemos considerar como informação oficial.

Na nossa realidade, isso pode já parecer uma notícia velha, mas aqui estão alguns novos detalhes e revelações sobre o ataque israelense no Irã que trouxemos ao longo do dia na גלי צה״ל (tudo de acordo com fontes dentro do estabelecimento de segurança israelense, sem depender de publicações estrangeiras, e claro – com a aprovação do censor militar):

  1. O ataque destruiu todas as capacidades estratégicas de defesa aérea do Irã, ou seja, todos os seus sistemas de mísseis superfície-ar de longo alcance. O Irã tinha dois desses modelos: o russo S-300 e uma versão avançada feita no Irã. Todas as baterias foram destruídas, junto com os radares de detecção de longo alcance. Essencialmente, o Irã agora conta apenas com baterias de defesa aérea de curto alcance de modelos locais iranianos.
  2. Os principais danos às baterias de defesa aérea ocorreram em Teerã e no oeste do Irã. Em Teerã, isso significa tornar a capital iraniana exposta e vulnerável, enquanto no oeste do Irã, esta é a região de onde o Irã lançou seus ataques de mísseis balísticos contra Israel, tornando isso operacionalmente eficiente para o futuro.
  3. Avaliação das IDF: O Irã perdeu suas capacidades estratégicas de mísseis superfície-ar para os próximos dois a três anos. A Rússia não poderá fornecer novos sistemas devido à guerra na Ucrânia, e levará muito tempo para o Irã produzir novos sistemas próprios.
  4. Segundo relatórios, o Irã possui mais de 2.000 mísseis balísticos de longo alcance. O arsenal existente não foi afetado—apenas as capacidades de produção de novos mísseis. A implicação é que o Irã agora gerenciará seu arsenal de mísseis com cuidado, pois seu estoque não crescerá no futuro próximo (por meses, talvez anos).
  5. Ao contrário de vários relatórios, não houve danos aos sistemas ou fabricação de UAVs (drones) do Irã.
  6. Mais de 140 aeronaves participaram do ataque. Mais de 50% dos pilotos e navegadores envolvidos eram reservistas.
  7. As FDI anteciparam que os iranianos poderiam responder com uma salva de 200 mísseis balísticos durante o próprio ataque, enquanto os aviões ainda estavam no ar. A Força Aérea tinha um plano de contingência que defenderia contra tal ataque e completaria todas as três ondas do ataque sem pular nenhum alvo. No final das contas, os iranianos escolheram não responder imediatamente. Um alto funcionário de segurança comentou: “Cada momento que passa sem uma resposta indica que eles estão fazendo controle de danos, pensando com a cabeça e não com o coração, e considerando cuidadosamente seus próximos passos.”
  8. Preparativos para uma possível retaliação iraniana: Desta vez, espera-se que os americanos desempenhem um papel mais significativo na defesa e interceptação, tanto devido à bateria THAAD estacionada em Israel quanto a três navios equipados com sistemas de defesa AEGIS capazes de interceptar mísseis balísticos, que também participaram na interceptação do ataque no início de outubro.

Nossa observação: os mísseis balísticos com alcance de 2.000 km que o Irã já lançou contra Israel são movidos a combustível líquido e os depósitos deles não foram atacados. Um impacto certeiro contra um depósito de hidrogênio líquido vai fazer aquela explosão no porto de Beirute, anos atrás, parecer pequena. O combustível sólido é utilizado nos mísseis antiaéreos, mísseis antitanque e nos diversos mísseis de artilharia com alcance até 500 km.

O Irã estava para fechar, ou já fechou, ninguém sabe ao certo a venda de mísseis deste tipo com alcance de 300 km para a Rússia. Se ainda estavam por ser produzidos, não poderão mais ser vendidos e isso favorece a Ucrânia. Existem vantagens e desvantagens nos dois tipos de propulsão. Basicamente os foguetes e mísseis a combustível sólido podem ser armazenados prontos para uso por 50 ou 70 anos, dependendo da química utilizada. Existe a possibilidade de trocar o pacote de combustível destes mísseis. Já os propelidos por combustível líquido precisam ser armazenados vazios e abastecidos já em posição de tiro. Não é possível retirar o combustível depois. Mas a potência e a velocidade atingida, são maiores e o custo é muito mais baixo.

por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: um F-16 israelense de ataque ao solo na partida para o Irã, foto oficial da FAI.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.