Qual é a origem das nossas crenças?
Qual a origem das nossas crenças? Desde quando adotamos nossas mais importantes celebrações? Quem as criou? Por que receberam os formatos que chegaram aos nossos dias?
Essas e outras perguntas que nos fazemos a cada dia, Menorah, através dos estudos e das pesquisas de José Roitberg, pretende responder agora, sempre deixando por aqui mesmo, muitos caminhos para que você, leitor, possa buscar outras fontes do teu interesse, mas sempre com a curiosidade aguçada por nossas ideias.
O “seder (jantar) de Pessach”. Você sabe quando foi criado este formato e a Hagadá de Pessach (o livreto ilustrado com a liturgia do jantar)?
A palavra Hagadá, em hebraico é um adjetivo e não significa estória ou lenda cuja palavra em hebraico é ‘sipur’. Nem significa relato ou modernamente, artigo jornalístico, cujo substantivo é ‘katavá’.
A simples tradução por História de Pessach, é uma deturpação. A tradução correta está mais para “Revelação de Pessach” e não relato ou história factual.
Um momento religioso revelado e, não a história do que ocorreu. Por exemplo, em grego, revelação é apocalipse, portanto o livro final do Novo Testamento, removido, apócrifo, para algumas das designações católicas e cristãs é ‘Revelação à João’, e não Apocalipse de João. Portanto, caso tivesse sido mantida a versão grega, teríamos Apocalipse de Pessach.
Sabemos que a revelação de Pessach não se chama Meguilá de Pessach, como Meguilá Esther, para Purim, porque ‘meguilá’ significa ‘rolo’. A história de Purim e o Pentateuco das sinagogas são rolos, meguilot. A declaração de independência de Israel, foi lavrada num pergaminho alto vertical, para ser enrolado, e se chama Meguilá HaHatzmaut. Donde se conclui que o livreto sobre Pessach nunca foi um rolo.
Desta vez a Enciclopédia Judaica em suas versões, tanto de 1905 quando a atual, não nos ajudam. Nelas existem longos artigos sobre as ‘halachot’, as leis judaicas rabínicas para cada detalhe do jantar, e as punições severas para quem não as cumpre, inclusive punições por açoitamento. Aliás, um ardoroso fã incondicional de açoitar irmãos judeus transgressores foi o nosso Rambam, Maimônides. Em suas 252 leis, do século 14 EC, os transgressores deveriam ser açoitados.
Este fato deve ser encarado como um reflexo da sociedade humana e não como uma perversão pessoal isolada deste expoente máximo da religião judaica. Por outro lado, nossa história judaica formal ou através do Talmud, não registra açoitamento de judeus por transgressões à determinações da Torá ou transgressões à determinações rabínicas.
E se as enormes capacidades intelectuais judaicas, incluindo muitos dos principais rabinos do final do século 19, nada falaram sobre as origens do jantar de Pessach ou sobre as origens do livreto que contém a Revelação, a Hagadá, é porque aí tem coisa.
Leia mais sobre as conclusões de José Roitberg na edição de abril da Revista Menorah. Mais informações em: www.menorah.com.br