Rabino-chefe da Rússia acusa funcionário top do Kremlim por antissemitismo
O rabino Berel Lazar é um dos dois rabinos-chefes da Rússia e levantou uma correta acusação de antissemitismo contra Aleksey Pavlov, nada menos que o Secretário do Conselho de Segurança da Rússia. Acusar uma pessoa nessa posição, durante uma guerra não vai terminar bem, ainda mais na Rússia.
No dia 5 de setembro, na conferência com todos os rabinos russos, Lazar estava derretido de amores pelo Estado e hipotecando a solidariedade de todos os judeus a causa justa de Putin. Naquele momento, escrevemos que na conferência, nada foi dito sobre o combate “ao nazismo ucraniano” e que sequer era possível saber se os rabinos conheciam a realidade ou eram pautados pelo noticiário oficial, já que não existe mais outro na Rússia.
Menos de 45 dias depois, Lazar é atropelado pela locomotiva de Pavlov que numa coluna no jornal semanal “Argumenty i Fakty” (você nem precisa saber russo – Argumentos e Fatos), alterou o discurso de oito meses atrás de “desnazificação” da Ucrânia, para “des-satanização” da Ucrânia. Opa! É o sujeito que comanda o Conselho de Segurança russo, declarando que é uma jihad, uma guerra religiosa contra o Demônio, contra Satã!
Leitor, não é o bin Laden, nem o Califa de ‘bate-arde’ na Síria. É o primeiro escalão do Kremlim numa guerra de agressão!
Gostávamos mais do Pavlov original, aquele dos treinamentos de cães. Mas este Pavlov de nossos dias “decretou” que existem “centenas de cultos pagãos na Ucrânia, inclusive a seita Chabad-Lubavitch.”
Ou seja, o Chabad da Ucrânia, foi colocado pelo Kremlin numa lista de seitas pagãs satanistas a serem eliminadas pela força das armas? E o Chabad da Rússia, que é muito maior? Virá em seguida. Que o leitor não duvide.
“Eu acredito que com a continuação da operação militar especial, se tornará mais e mais urgente realizar a des-satanização da Ucrânia”, ainda escreveu Pavlov em sua coluna. Discurso este certamente encantador para o líder da Igreja Ortodoxa Russa, que desde o início do conflito, o saúda como uma Cruzada.
Há um aumento do discurso antissemita clássico na mídia russa, hoje totalmente sob controle do governo. O jornal Moskovskij Komsomolets, publicou artigo no mês passado, listando várias personalidade judaicas russas muito conhecidas como “agentes estrangeiros”.
Komsomolets, são os membros do Komsomol, antiga Organização da Juventude Soviética. É uma surpresa existir um jornal, nos dias de hoje, com a nomenclatura soviética, não é.
A decisão que Putin e o Kremlin, já tomaram em relação aos judeus dentro e fora de casa está claríssima. Vê quem quer. E o que os judeus tem a ver com essa guerra? Nada!
Imagem: O rabino-chefe da Rússia, Berel Lazar, recebido por Vladimir Putin, no Kremlin em 2015. Foto de divulgação do Kremlin.