Rabino e filho presos nos EUA por vandalizarem suástica!
O título não está errado e trata-se de um caso bizarrícimo. em setembro de 2024 um comerciante palestino afixou uma “arte” na parede externa do prédio onde fica o comércio dele, na cidade de Milwalkee, estado do Wisconsin, nos EUA, curral eleitoral de Bernie Sanders, o político mais à esquerda e o político judeu mais antissemita e anti-israelense que existe nos Estados Unidos (pelos sistemas públicos de monitoramento de atividade parlamentar nos EUA – não se trata de opinião). Na foto, “arte” em questão.
O fundo da imagem, em amarelo, é uma montagem que parece mostrar um monte de cadáveres, cenas de Gaza destruída, mães palestinas chorando por seus filhos mortos e aviões. No centro uma “estrela de David que se transforma em suástica” e o texto “A ironia de se tornar algo que uma vez odiou”.
Todos os artigos sobre a questão dizem estrela que se transforma em suástica e consideram isso a sublime agressão. Mas não é isso de que este símbolo específico se trata, apesar do texto não deixar dúvidas sobre a “intenção” do palestino americano que produziu tal “arte”.
Seria errado afirmar que todas as pessoas tem obrigação de saber que símbolo é este. Não, não tem. E não se trata nem de uma estrela de David judaica, nem de uma suástica nazista. É o primeiro símbolo de uma religião denominada “raelismo”, vinda de Rael, uma interpretação bizarra que explica toda da Torá a partir de uma perspectiva alienígena. Utilizaram o símbolo da suástica ancestral que não tinha ligação com o nazismo a partir de 1921, pois seria o símbolo da tal civilização alienígena. Depois de vários anos levando a uma péssima interpretação, os apóstolos de Rael mudaram a suástica para uma espiral igualmente antiga, símbolo que é utilizado até hoje.

Mas imaginar que o palestino e os judeus de Milwalkee soubessem disso é demais. Ao passo que imaginar que os judeus da JTA – Jewish Telegraphic Agency e dos jornais judaicos que publicaram o artigo soubessem, bem: é uma obrigação do jornalistas. Se eu sei, por que eles não sabem?
Então a comunidade judaica local protestou, líderes pediram para tirar (alguém falou com o senador Sanders? se tivesse falado ele ia recomendar ao palestino que não cedesse aos sionistas, provavelmente). Um mulher judia jogou tinta preta, isso foi filmado e o sr Ihsan Atta a tocou para fora e refez a pintura.
Zechariah Mehler, 42, um blogueiro de comidas kosher, sujeito enorme que usa dreadlocks de mais de um metro de comprimento não acreditou na situação e foi lá conferir. Disse ter considerado que era um mural antissemita mesmo, e que havia grupos pela “Palestina Livre”, intimidando judeus que passavam por ali. Parecia que tinha virado um point de “intimidar judeus”: porcos sionistas, assassinos de bebês e a ladainha contumaz.
Aí o Zee, como ele é conhecido (curiosamente eu sou o Zé…) decidiu ERRADO que ele iria ser a solução. Cooptou seu pai, rabino aposentado Peter, 74, com problemas de saúde, para irem lá na calada da noite por o mural abaixo. O rabino Peter Mehler considerou que o erro era o correto a fazer.
Levaram um machado, um pé de cabra e uma pequena marreta. Rapidamente arrancaram a moldura da parede e puxaram parte das placas de vinil, sendo captados lindamente pelas câmeras de segurança de Ihsan Atta, o proprietário palestino. Sabiam das câmeras, tanto que Zee mandou o “dedo” olhando para a câmera, orgulhoso, desafiando o palestino antissemita.
Eis que surge um apoiador dos palestinos e confronta pai e filho, no meio da ação, quase transformando o vandalismo em crime de agressão. A ação foi interrompida. Voltaram na noite seguinte para completar. Devem ter visto em desenhos animados que o criminoso sempre volta ao local do crime…
Duas semanas depois perto de Rosh Hashaná, imaginando que tinham se safado, a política bate na porta da casa deles e os prende acusados de danos à propriedade do safado, que no Wisconsin tem uma pena de nove meses de prisão.
Os Mehlers ficaram famosos, deram entrevistas, mostraram que sabiam que estavam cometendo um crime, mas que o mural era “uma ameaça tangível à comunidade judaica”. Desculpem-me aqui, inclusive meus amigos com quem discuto estas questões. Como assim um mural é uma “ameaça”? O que um mural pode fazer? Pessoas são ameaças. Até 7 de outubro, isso seria classificado, no sistema de monitoramento mundial contra antissemitismo, como “propaganda antissemita”, como milhares e milhares de outras. Hoje, as pessoas preferem ver como ameaças. É fácil incomodar a imensa maiorias dos judeus: é só proceder a uma suástica. E existe uma diferença jurídica muito clara (para mim) quando uma suástica é utilizada para fazer propaganda do nazismo contra os judeus ou outrem, de quando uma suástica é utilizada para chamar os judeus de nazistas, coisa que dificilmente um tribunal vai entender como “racismo” (apesar de ser). A imensa maioria das suásticas pichadas pela esquerda e pelos muçulmanos contra os judeus se enquadra na segunda definição e não na primeira.
O rabino Peter, em entrevista disse que ficou calado nos últimos 10 anos mas que “não podemos permitir que os judeus sejam convertidos em nazistas”.
Rabino Peter: não foi seu vizinho Ihsan Atta, que criou a conversão de judeus em nazistas. Não foram os palestinos. Não foi o Hamas. Quem criou isso foi a União Soviética, exatamente em agosto de 1967, depois da surra que Israel deu no Egito, Síria e Jordânia, liberando Jerusalém Velha, a Samaria e a Judeia. Foi por isso que o Leonid Bresnev determinou a criação da campanha “judeus são os novos nazistas”, uma das campanhas da propaganda soviética mais bem sucedidas da história!

Portanto rabino Peter, mesmo que o senhor seja tão alienado quanto a imensa maioria dos judeus norte-americanos, o senhor viveu A SUA VIDA INTEIRA debaixo deste conceito, mesmo que não soubesse. O senhor tinha 17 anos de idade quando a conversão de judeus em novos nazistas começou e só lhe caiu a ficha aos 74 anos de idade.
A primeira audiência do caso é nesta terça-feira e um juiz não deverá julgar os motivos do crime, mas o crime captado pelas câmeras de segurança.
Aliás, você não sabia, mas Golda Meir cresceu ali, em Millwalkee e foi onde ela se tornou ativista sionista pela primeira vez. Como pode a cidade nos legar Golda Meir e também Bernie Sanders?

Não estamos aqui defendendo ou propondo que judeus saiam fazendo justiça pelas próprias mãos. Mas se desejarem fazer, não precisam reinventar a roda: casacos pretos fechados com capuz, máscara preta contra covid-19, luvas. E isso não sou sou eu, José Roitberg, quem está ensinando. São os australianos que atacaram duas sinagogas em Sidney nos últimos dias. Na boa: se for agir ilegalmente aja ilegalmente como nossos inimigos agem ilegalmente. Mas depois, quando for preso, não diga que não foi avisado.
Por José Roitberg – jornalista e pesquisador, com informações da JTA e The Times of Israel