Raio de sol causou massacre de cristãos-novos em Lisboa
Em 19 de abril de 1506 aconteceu um massacre de cristãos-novos em Lisboa por causa de um raio de sol. Vamos conhecer mais sobre este fato absurdo.
O massacre de Lisboa de 1506 foi um dos episódios mais tristes das perseguições aos judeus na Europa.
A peste assolava a capital desde Outubro do ano anterior, situação dramaticamente ampliada pela seca e pela fome. D. Manuel e sua corte haviam fugido para Abrantes por causa da peste, deixando a cidade praticamente sem controle.Sem autoridade, a atmosfera antissemita que reinava explodiu.
Em 19 de abril de 1506, num domingo, na semana seguinte à Páscoa, no Mosteiro de São Domingos, enquanto os fiéis rezavam pelo fim das desgraças, alguém jurou ter visto um clarão iluminar o rosto de um dos cristos sobre um altar. Assegurava que se tratava de um sinal de misericórdia divina e de futura bonança.
Um cristão-novo que também participava da missa argumentou que a luz era apenas o reflexo do sol, isso foi o suficiente para que, incitados pelos frades dominicanos, o converso fosse calado e espancado até a morte por uma massa enfurecida que, em seguida, queimou o que lhe restava do corpo.Os frades dominicanos incitaram a população a ir caça dos hereges conversos.
Quando encontrados, eram espancados até a morte, arrastados sem piedade pelas ruas, às vezes ainda vivos, até as fogueiras construídas nos bairros da Ribeira e do Rossio. E os sinos conclamando os fiéis à matança.A matança duraram três dias. Milhares de judeus foram torturados e assassinados, os seus bens roubados, as mulheres violadas, entre outras cenas dignas de animais sem razão. Todos os judeus, vivos e mortos por igual, foram atirados para a enorme fogueira, enquanto que mercadores estrangeiros, que se encontravam em Lisboa na altura, encheram os seus barcos com os bens roubados e logo fugiram da capital.
No Rossio, uma enorme fogueira queimava corpos de bebés, crianças, velhos, homens e mulheres, alguns desmembrados, muitos mortos e outros moribundos. Os cronistas da época relataram que cerca de 4 mil cristãos-novos foram barbaramente assassinados durante esses três dias.
Quando o rei D. Manuel I soube do que estava acontecendo, despachou imediatamente magistrados para darem fim ao derramamento de sangue.
A justiça de D. Manuel I foi implacável. Os padres dominicanos que atiçaram os ânimos da multidão foram enforcados,assim como muitos homens e mulheres do povo. Os bens de alguns passaram para a Coroa e a Casa dos Vinte e Quatro (Câmara de Lisboa), que tomava importantes decisões na capital, foi extinta, se bem que mais tarde o rei a reabilitou. As ações do monarca para punir os culpados pelo massacre foram tão enérgicas que a partir de então muitos passaram, em segredo, a chamar D. Manuel I de “o rei dos judeus”.
Na foto, Ronaldo no Memorial em homenagem aos judeus massacrados neste local, no primeiro pogrom ocorrido na Europae arte representação do massacre de Lisboa. Área de anexos