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Relação diplomática entre Polônia e Israel vai normalizar nos próximos dias

O presidente polonês Andrzej Duda telefonou ao presidente israelense Isaac Herzog, nesta segunda-feira 4/jul com o objetivo de iniciar a aparar as arestas entre os dois países que já duram quase 12 meses.

Na conversa em inglês, Herzog pediu que a Polônia recoloque seu embaixador em Israel e Duda se comprometeu a enviar um diplomata nos próximos dias.

A Polônia é uma país que apoia Israel no Parlamento europeu e que possui o maior número de apoiadores abertos no parlamento local, com 127 das 460 cadeiras no grupo Polônia-Israel.

O que está em questão neste caso são algumas narrativas e uma situação muito real. O Ministro das Relações exteriores polonês reclama que as visitas ao país de grupos de crianças e jovens israelenses estão concentradas apenas em Auschwitz, não tendo encontros com jovens locais ou programas noutros locais interessantes da Polônia, como o Museu Polin da História Judaica, em Varsóvia, e que os israelenses sempre são acompanhados (legalmente) por seguranças ostensivamente armados, o que distorce a visão que os jovens recebem do país, parecendo-lhes um local perigoso, diz o ministro. Neste caso o ministro parece não compreender o risco em relação ao terrorismo iraniano, ou do Estado Islâmico, ou de neonazistas europeus, a que estas viagens estão expostas. Não se trata de um risco imaginário. O mais correto seria a polícia da Polônia enviar

O problema com as narrativas e que a maioria se concentra na questão verdadeira de poloneses que ajudaram as tropas nazistas a caçar os judeus, os que os mataram, e os que os extorquiram durante os momentos difíceis, deixando de lado os milhões de poloneses que ajudaram os judeus. A Polônia é o país com o maior número de Justos Entre As Nações, título emitido pelo Yad Vahsem de Jerusalém para os que ajudaram a salvar judeus durante o Holocausto.

A narrativa do lado “ruim” dos poloneses na guerra sempre omite que após a derrota das tropas nazistas no país, a grande maioria destes traidores que ainda estava viva foi presa, julgada, condenada e executada.

Já em relação a denominação dos campos de extermínio, concentração e trabalho escravo, o governo do Polônia tem absoluta razão em suas reclamações. Não era instalações polonesas, mas da Alemanha Nazista na Polônia ocupada. Ao fim da guerra, quase a totalidade dos judeus poloneses tinha sido morta, 3 milhões de homens mulheres e crianças. Todavia os nazistas também mataram outros 3 milhões de poloneses católicos.

Photo by Fadjar Djulizar on Unsplash Auschwitz imagem ilustrativa

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.