IsraelÚltimas notícias

Resumo do dia 13 e os tipos de mísseis empregados

Nem o governo de Israel nem o IDF, até o momento da publicação deste post informaram exatamente quantos lançamentos o Irã realizou contra Israel. No canal oficial do IDF no Telegram, foi dito 350 lançamentos desde o Irã, Iraque, Iêmen e Hezbollah, totalizando 60 toneladas de explosivos lançados contra Israel. O IDF incluiu o Hezbollah no ataque e em princípio teriam sido disparados 50 mísseis Grad B-21, tecnologia ultrapassada, sem qualquer sistema de guiagem. O efeito destes teria sido causar um buraco numa estrada no norte de Israel.

Os dados mais aceitos neste momento são:

1) 300 lançamentos realizados pelo Irã, 99% dos quais interceptados por Israel, Jordânia, EUA e Inglaterra. Mas há controvérsias, pois teriam atingido Israel apenas 3 mísseis enquanto algumas fontes citam 7 impactos e há vídeos de pelo menos 5 impactos. Ainda não está esclarecido. Na imagem inicial do post o mapa divulgado pelo IDF das trajetórias de mísseis e drones lançados contra Israel.

2) 170 drones lançados contra Israel e nenhum chegou a espaço aéreo israelense. Foram abatidos principalmente no espaço aéreo iraquiano. Pelo menos 3 caíram e explodiram numa cidade a oeste do Irã. Há vídeo nas mídias sociais, mas não há qualquer informação, nem haverá.

3) 30 mísseis de cruzeiro foram lançados contra Israel e nenhum entrou no espaço aéreo israelense. A IAF abateu 25 deles e acredita-se que os outros 5 caíram em algum lugar entre o oeste do Iraque e leste da Jordânia, áreas desérticas.

4) 120 mísseis balísticos de precisão e longo alcance foram disparados contra Israel e pelo menos dois atingiram a base aérea de Nevatim, no deserto do Negev, a casa dos caças Stealth F-35i. Um deles caiu na área da base, mas no deserto deixando uma cratera, foto oficial do IDF abaixo. O outro atingiu a pista de concreto, destruindo uma parte que foi rapidamente consertada.

Cratera do impacto de míssil balístico iraniano na área da base aérea de Nevatim, no deserto do Negev. Foto de divulgação do IDF.

Existem muitas notícias desencontradas, outras falsas, outra erradas devido à informações desencontradas. Este resumo é o mais preciso que conseguimos apurar. Por exemplo, existe notícia publicada nos EUA afirmando que metade dos mísseis balísticos lançados pelo Irã, falharam em subir ou caíram imediatamente após o lançamento. Isso é possível de ter acontecido e não fica claro que estão falando de metade dos 120 ou se os 120 seriam metade de 240 que o Irã teria lançado. Esta notícia fica sob suspeita.

Já no Irã, com a mídia absolutamente controlada pelo governo as notícias falsas são totais: todos os objetivos da operação foram atingidos, metade dos mísseis lançados atingiu os alvos, o Domo de Ferro não funcionou, se Israel ousar atacar o solo iraniano será varrido do mapa. Aliás, varrer Israel do mapa é uma fanfarronice permanente dos aiatolás, iniciada em 1979. São 4 anos falando a mesma coisa. Entre as mentiras, a TV iraniana colocou imagens de um incêndio florestal no Texas, de anos atrás, como se fosse Israel em chamas. E tudo indica que Israel vai atacar, talvez na noite do dia 14.

CONCLUSÃO

O Irã realizou o maior ataque com mísseis balísticos da história. E O Irã realizou o maior ataque com drones da história. Até então no dia 11 de abril, a Rússia tinha disparado 24 mísseis balísticos, inclusive seis hipersônicos, e todos acertaram seus alvos na Ucrânia. Dos 46 drones lançados pelos russos, do mesmo modelo utilizado pelo Irã, 40 foram abatidos. Portanto 120 mísseis balísticos militares e 170 drones de longo alcance é algo sem precedentes. De fato, o Irã tem o direito de comemorar este sucesso, lançar, e mentir sobre o fracasso e de não atingir os alvos. Guerra do tipo prevista para o século 21 onde o atacante não perdeu um só militar. Todavia, qualquer analista militar, inclusive os iranianos, chegaram a mesma conclusão: Israel é o único país que não pode ser atacado desta maneira, pois é o único que consegue se defender. A taxa de abate de vários modelos de mísseis e drones diferentes, lançados ao mesmo tempo, tenha sido de 99% ou 97% é absolutamente impressionante e tão inédita quanto o próprio ataque.

F-15 da força aérea de Israel manobrando para decolar na noite do dia 13 de abril, foto de divulgação do IDF.
O antigo e manobrável míssil Phyton, da empresa Rafael, foi o carrasco de drones e mísseis de cruzeiro iranianos. Foto de divulgação do IDF.

CONHEÇA OS MÍSSEIS IRANIANOS

Os balísticos tem alcance de mais de 2.000 km, são lançados para cima, saem da atmosfera, podem ir a 40.000 metros de altitude e retornam. Inclusive Israel conseguiu um abate na exosfera, pela primeira vez na história em conflito real, filmado. Usou o míssil Arrow 3. As informações semi-oficiais no momento de publicação deste post dão conta de 30 abates na exosfera. Estes mísseis balísticos são lançados a velocidades muito altas, cerca de 6.000 a 7.500 km/h e levam uma ogiva, bomba, de 750 kg, com grande poder de destruição. A precisão no alvo é de 30 metros.

Míssil balístico Keibar iraniano, alcance de 1.400 km, provavelmente utilizado no ataque. Imagem agência Tasnin.
Míssil balístico Sejjil iraniano, alcance de 2.400 km, provavelmente utilizado no ataque, é o maior míssil operacional do Irã. Pesa 22,5 toneladas e não é uma arma nova. Seu primeiro lançamento bem sucedido aconteceu em 2008. Imagem agência Tasnin.
Trajeto provável de lançamento dos mísseis balísticos iranianos, mostrando a distância de 1.400 km até o norte do Negev, passando de foram visível a partir de Jerusalém. É apenas uma referência, pois são lançados em trajetória parabólica de 40 km de altitude e não cruzam o espaço aéreo dos países, como a linha dá a entender.

Os mísseis de cruzeiro voam em baixa altitude, por vezes 150 metros apenas, a 800 km/h, velocidade de um jato comercial, aliás são a jato. Levam uma ogiva de 150 kg e em princípio a precisão é total. Sobre deserto plano ou sobre o mar, podem voar a trêsdois metros de altitude somente. O Irã copiou um modelo soviético e evoluiu em cima dele. São hoje 3 modelos básicos, com variantes, e alcances entre 700 km e 3.000 km. Não é possível imaginar quais das variantes foram utilizadas no ataque contra Israel

Um dos modelos da família de mísseis de cruzeiro iranianos Souma, a jato. Foto da Agência Tasnin

Os drones são lentos, com apenas 185 km/h, movidos a hélice, e levam uma ogiva de apenas 50 kg. A precisão é total e podem voar a 10 metros de altitude sem problemas, ou seja, muito baixo. Foi onde aquele se enroscou nos fios no Iraque.

Zelesnky, presidente da Ucrânia ao lado de um drone iraniano Shahed que caiu sem explodir na Ucrânia. O normal lá é a Rússia disparara cerca de 20 drones destes todas as noites, nos últimos 6 meses contra as cidades ucranianas. Há dia em que 100% são abatidos (20 ontem no dia 13/abr), noutros apenas 80%. É possível verificar como a aeronave é de pequenas dimensões, um alvo difícil e com assinatura mínima no radar. Além de comprar direto do Irã, a Rússia montou uma fábrica deste drone em seu território. Foto de divulgação do governo da Ucrânia.

Na Ucrânia os drones são abatidos por metralhadoras e canhões antiaéreos controlados por radar, dos anos 1970, que não são capazes de abater aviões modernos. O tiro é visual, mirado, os drones vem numa trajetória constante. Usam holofotes de led a noite para iluminar os drones, parece Batalha da Inglaterra na WW2.

Tanto os cruzadores como os drones voam abaixo da cobertura de radar. Então para localizar eletronicamente precisa de aviões radar “olhando” de cima para baixo.

A grande diferença tecnológica, que permitiu aos caças de fabricação americana abater todos os drones lentos, foi um software israelense que define pro computador do avião que a sinal fraquinho em movimento no radar é um drone, trava no alvo e programa o míssil, que por sua vez tem um radar próprio. Este sistema teve 100% da abates. Ontem na Ucrânia também foi 100%, com 20 drones Shahed abatidos de forma convencional, a tiros.

PARTES DE MÍSSEIS BALÍSTICOS IRANIANOS ABATIDOS – FOTOS DAS MÍDIAS SOCIAIS

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.