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Reuters e BBC vendem ao mundo uma falsa divisão da sociedade israelense entre direita e esquerda

Parte da população israelense esteve nas ruas pela décima semana seguida. São dois meses e meio de protestos contra a reforma judicial que visa emponderar a coalização Likud-Extrema Direita Ortodoxa de uma forma nada poderá ser contestado por vias legais.

Várias vezes o presidente de Israel, Isaac Herzog anunciou acordos, ou proximidade de acordos, mas nada se viu.

A resposta da coalizão, principalmente por parte do ortodoxos é simples: o voto é nosso, nós damos as cartas e ditamos a regra do jogo, o restante do país que se dane. É fácil perceber que alguns destes mandachuvas ortodoxos sem preparo nenhum para conviver numa democracia, vem taxando os manifestantes em geral como “esquerdistas”, e igualmente praticamente toda a mídia israelense vem sendo considerada “esquerdista.”

Note a similaridade com o discurso político no Brasil. Se era contra o governo Bolsonaro era esquerdista. Se é contra o governo Lula é nazista e genocida. Em Israel se é contra a ortodoxia ditar as regras do jogo então é esquerdista. Claro que a esquerda verdadeira, hoje reduzida a uns 10% apenas da população israelense, quando foi maioria por décadas, também está nas ruas protestando. Cerca de 6% seria formada por israelenses judeus e 3% por israelenses árabes.

Ninguém pode ousar declarar que esquerda e direita estão protestando em conjunto contra a reforma judicial. Estão protestando nos mesmos eventos, mas não unidas. Desde a oitava semana existe um enorme banner nas manifestações de Haifa que me preocupa. É um grupo que começou com menos de dez manifestantes e hoje conta com algumas centenas partido Hadash. Parecem ter decidido usar as manifestações gerais contra o governo, para aparecerem nas fotos com sua agenda. Antes tinha um sujeito carregando um cartazete vermelho e preto com o “Punho Cerrado” leninista. Hoje há um imenso banner de dezenas de metros quadrados ladeado por bandeiras outros de mesmo tamanho com bandeiras de Israel.

O Hadash, não é um partido judaico. Ele é um partido árabe, oficialmente comunista marxista-leninista, a favor da solução dos Dois Estados, e não-sionista. Seu nome completo, como não poderia deixar de ser, é Frente Democrática pela Paz e Liberdade, pregando que a vida dos palestinos importa. Apenas as dos palestinos. Com quatro cadeiras no Knesset, é um dos grupos de cidadãos de Israel que mais defende a tese da existência de Apartheid em Israel. Uma segregação tão contundente que o partido é legal, foi eleito, tem quatro cadeiras e pode ir às ruas com os símbolos comunistas contra o governo de direita política. Para o leitor tentar entender o que é impossível entender, o Hadash teve 3,75% dos votos, enquanto o partido socialista israelense o Avodá, antigo dono da política israelense teve 3,69% dos votos.

Aí, como “a propaganda é a arma do negócio” a foto da agência Reuters com o punho cerrado e as bandeiras de Israel é veiculada em quase todas as grandes mídias impressas do mundo, através de artigo da BBC, simbolizando ela a “divisão da sociedade israelense”. E é uma mentira. A sociedade israelense não está dividida entre direita e esquerda. A esquerda está num barril rolando ladeira abaixo.

Parabéns aos árabes do Hadash que souberam utilizar o momento para a agenda comunista deles. Sugerimos a leitura do artigo da revista +972 https://www.972mag.com/radical-bloc-israel-protests-tel-aviv/ – 972 é o DDI de Israel.

Opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.