Veja qual é o incitamento à violência do Hamas para o Ramadã
Eu acredito no Hamas. Sempre acreditei desde que publicaram a carta de fundação deles onde um dos objetivos é a guerra permanente para eliminar todos os judeus e conquistar uma Palestina inteira livre de judeus. Apontam a passagem do Corão que diz: atrás de cada pedra onde houver um judeu, mate-o. A esquerda brasileira, chama isso de “historinhas”. O Corão, e Carta do Hamas são “historinha” para os petistas, valendo sua compreensão, sua própria cartilha, esta sim a verdade. Se não consideram o Corão, como texto verdadeiro, nem a Carta do Hamas, imaginem as declarações na TV dos líderes do Hamas? E não assistindo, não lendo, preferem repetir a exaustão o que está escrito nas próprias cartilhas doutrinárias partidárias. PSOL idem. E os judeus aderentes a esta esquerda idem também.
Mas eu acredito no Hamas. No dia 8 de março de 2024, sexta-feira, Abu Ubaida (ou Obeida), o porta-voz militar das Brigadas Al-Qassam, fez um pronunciamento oficial transmitido pelo canal de satélite Al Jazeera em árabe (talvez o leito saiba, talvez não, mas os conteúdos em árabe, que vão para todos os países árabes e para todas as comunidades de fala árabe – inclusive no Brasil – são absolutamente diferentes da Al Jazeera Internacional em inglês). No canal árabe, até hoje, o Hamas não matou 1.200 pessoas em Israel, não feriu mais de 3.000, não sequestrou quase trezentas. Isso simplesmente não aconteceu e pauta as audiências em árabe. Já no canal internacional, o ataque do dia 7/out/2023 aconteceu.
As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam é (no singular mesmo pois se trata de uma organização) o principal braço armado do Hamas na faixa de Gaza. Portanto, o que Abu Ubaida disse, para o mundo islâmico inteiro, é um pronunciamento oficial do Hamas e você lerá na íntegra, traduzido do árabe.
Abaixo, tradução direto do árabe do pronunciamento de Abu Ubaida, falando oficialmente pelo Hamas, no dia 8/mar/24, na TV Al Jazeera em árabe. Antes de começar a leitura, avisamos aos nossos leitores que no dia 5/mar/24, o primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu, decidiu e comunicou publicamente que o acesso diário à Esplanada das Mesquitas e à mesquita de Al Aqsa, se iniciando ao pôr-do-sol deste dia 10/mar, domingo, será ABSOLUTAMENTE NORMAL COMO NOS ANOS ANTERIORES.
Abu Ubaida: “Em nome de Deus, o mais gracioso, o mais misericordioso, e para aqueles que negam Nossos sinais – Nós os traremos de volta de onde eles não sabem que estão.
Juramos por Aquele que ergueu o céu sem pilares (NT: Allah) que o sangue dos nossos mártires na Cisjordânia e em Gaza, não ficará impune, e que os crimes dos rebanhos de colonos contra o nosso povo e o nosso povo na Cisjordânia não ficarão desaparecidos.
Continuaremos a ser os defensores da nossa religião, das nossas santidades e do nosso povo. As canetas foram levantadas e os jornais secos. (NT: hora de lutar e não escrever e publicar).
A guerra entra no seu sexto mês e o inimigo ainda realiza um holocausto nazista contra o nosso povo. Esta batalha estabelecerá uma nova fase no mundo, cujo tema é que os direitos só podem ser conquistados com armas. O inimigo criminoso despreza todas as leis do mundo e os sistemas miseráveis que permanecem indefesos diante dele. (NT: todos se curvam ao que os miseráveis judeus nazistas estão realizando).
A orgia sionista se intensificou com a chegada ao poder do governo mais extremista e nazista na entidade, que planejava fazer isso.
Ainda estamos infligindo pesadas perdas ao inimigo. (NT: 249 soldados de Israel mortos, contra 13.000 combatentes do Hamas mortos). Ainda teremos mais enquanto a agressão continuar.
O inimigo está planejando restringir os fiéis na Mesquita de Al-Aqsa. (NT: o que é a mais absoluta mentira, mas desde 1928, do Pogrom de Hebron e Jerusalém que reticentemente árabes, e depois palestinos, arremessam o libelo de sangue de que os judeus estão querendo destruir, dominar, ou restringir o acesso dos muçulmanos, como forma de justificar a matança de judeus, e isso, lamentavelmente, sempre funcionou.)
Apelamos ao povo de Jerusalém, da Cisjordânia e do interior para que se unam pela Mesquita de Al-Aqsa.É dever de cada pessoa livre juntar-se aos sacrifícios do povo de Gaza. (NT: o Hamas tenta, novamente, obter um protagonismo entre os muçulmanos que ainda não conseguiu, “achando” que todos os muçulmanos os obedeceram, o que é uma bobagem. Querem abertamente que cada muçulmano seja um mártir).
Apelamos aos Mujahideen e aos combatentes da resistência da nossa nação para que declarem um apelo ao confronto com a arrogância da ocupação em todos os campos de confronto. (NT: mujahedim, são os guerreiros muçulmanos que estão lutando uma Jihad, Guerra Santa. Eles devem declarar-se pelo confronto, pela guerra, no mundo inteiro).
Que o mês do Ramadã seja um mês para aumentar a Inundação de Al-Aqsa em todas as arenas e frentes. Levante-se, ó pessoas livres do nosso povo e da nossa nação, e declarem um apelo ao retorno, ó Al-Aqsa. (NT: enquanto ocidentais humanistas e esquerdistas pregam trégua no ataque israelense contra a Faixa de Gaza, o Hamas prega aumentar a guerra. Se um esquerdista ler isso e acreditar, já fico satisfeito. Inundação de Al -Aqsa é o nome da operação de ataque sanguinário à Israel no dia 7/out/23.)
Nossos mujahideen em todas as suas posições continuam a enfrentar as forças inimigas em todas as frentes da incursão. Nossos mujahideen estão de bom humor. Nossos mujahideen realizaram muitas operações de qualidade nas últimas três semanas, colocando o inimigo em emboscadas precisas.
A nossa principal prioridade para completar a troca de prisioneiros é o compromisso total de parar a agressão e a retirada do inimigo, e não haverá compromisso nesse sentido. (NT: é um beco sem saída. Só entregam os reféns se Israel retirar todas as tropas da Faixa de Gaza e eles mesmos anunciam que isso não vai acontecer. Por outro lado, 13.000 mártires no Paraíso, parecem ter elevado o moral dos que ainda vão morrer por lá.)
Vários prisioneiros inimigos sofrem de doenças, desidratação, emagrecimento e falta de medicamentos como resultado do sofrimento do nosso povo.
Só quem for paciente receberá a recompensa integral, sem acerto de contas. (NT: citação jidadista atribuída ao profeta, onde o sofrimento e o martírio compensam além da vida.)”
— Fim do pronunciamento de Abu Obaida —
Numa outra mídia social do Hamas, neste dia 9/mar/24, uma grande publicação sobre a situação atual não traz muitas informações relevantes a não ser as que publicamos a seguir:
“6 – Estes momentos históricos que vivemos desde o início da Inundação de Al-Aqsa não têm precedentes e devem ser aproveitados. Os objetivos das negociações devem incluir o caminho de uma solução política para estabelecer um Estado palestino através da força da resistência e não o esforço do coordenador… (NT: mesmo antes das negociações de Oslo, quando Arafat e Rabin foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, qualquer negociador sério na mesa sabia disso: o Estado da Palestina só existirá se constituído através da vitória pelas armas. Isso é o que eles, os palestinos pensam. Nunca existiu a possibilidade da Solução dos Dois Estados para os palestinos. O Hamas se opõe a isto desde o dia em que foi criado, em 1984 – e ninguém parece interessado em escutar. Arafat poderia ter obtido 97% do que pediu e ter declarado a independência, mas quem estava ao redor dele, lembrou a ele que precisa ser através de vitória militar. Ou seja, nunca.)
Faltam poucos dias para o mês das vitórias. O que estamos esperando?! Estamos acostumados com as cenas?? Estamos acostumados com dezenas de milhares de mártires?! Costumávamos estuprar mulheres livres?! Costumávamos sequestrar milhares de prisioneiros?! (NT: talvez este seja o ponto mais importante do chamamento ao conflito para o Ramadã. O Hamas mostra a todos os muçulmanos como as coisas mudaram: os 30 mil mortos que o Lula e o chanceler da ONU lamentam, são 30 mil mártires, e como isso é bom! O Hamas diz que não costumava estuprar mulheres livres, agora estupra, e como isso é bom! O Hamas não sequestrava milhares de israelenses, e agora sequestra, e como isso é bom! Ops, eles sequestraram 279 e estão com menos de 100, mas dizem ao mundo muçulmano que sequestraram milhares… E o Ramadã que a mídia woke ocidental diz ser o Mês Sagrado do Islã, para o Hamas é Mês das Vitórias!)
Seu argumento é que você não pode comprar uma arma?! Assim como você comprou o outro modelo de iPhone e comprou um carro do mesmo ano, você pode sair por aí e pegar uma arma. Seu argumento é que você não saberá como implementar uma ação e está hesitante?! O mártir Omar Abu Laila esfaqueou no meio da rua e matou 3 sionistas com uma faca. Você define sua intenção, treina e deixa o resto com Deus. (NT: absolutamente óbvio, todos os muçulmanos devem se armar e atacar. Omar Abu Laila, 19, esfaqueou e matou um soldado israelense e um colono em 17/mar/2019. Dois dias depois, reagiu a prisão foi morto num tiroteio, saudado como ‘Martirizado em tiroteio com um sionista hoje a noite. Que Allah o aceite no Paraíso’).
Seu argumento é que vão demolir sua casa depois de realizar a operação?! Toda Gaza teve as suas casas destruídas e sacrificou os seus filhos como um sacrifício pelo Islã, e o seu único ditado foi: Louvado seja Deus, é tudo para Deus. Qual é o seu argumento, meu amigo?!! Por Deus, todos os argumentos são fracos Quanto você acha que viverá neste mundo? 50 ou 60 anos?! Você está preparado para encontrar o seu Senhor enquanto fica em silêncio sobre o que está acontecendo?! Você está preparado para responder diante de Deus… O que você deu às crianças e mulheres enquanto possuía armas?! (NT: quem não entender que a morte dos muçulmanos na Faixa de Gaza é DESEJADA POR ELES e uma ação de Allah para o benefício deles, é porque não quer entender. O Hamas diz que o muçulmano que não agir vai responder perante a Deus – talvez esta seja a definição mais jihadista de todas.)
Deixe este texto ficar fixo em sua mente Deixe-os dizer o que dizem, e deixe-os planejar o que planejam, deixe-os nos eliminar, deixe-os nos bater, deixe-os nos matar… Não vamos recuar, e não vamos tirar a arma de nossas mãos. Lutará em nome de Deus até que a bandeira de Não há deus senão Allah se levante, e Muhammad seja o Mensageiro de Allah. Por Deus, mesmo que nos confinem às montanhas mais altas, não nos desesperaremos, por Allah. Não temos mais nada a perder, as casas desapareceram, as terras desapareceram, o dinheiro desapareceu, tudo o que resta é esta alma… que seja pelo amor de Allah. Confie em Allah, meu amigo, fique acordado à noite e peça sucesso a Allah, e deixe a pistola e a arma em suas mãos serem uma testemunha para você, para não se preocupar com você no Dia da Ressurreição.”
— fim deste comunicado do Hamas —
Entendeu? Lula, Erdogam, Maduro, Ortega dizem que Israel está cometendo um genocídio e o Hamas diz “deixe-os nos eliminar, deixe-os nos bater, deixe-os nos matar”. Evidentemente não são os líderes de esquerda nem os humanistas que estão com a razão. O Hamas está com a razão deles, a razão jihadista messiânica do Estado Islâmico. A bandeira definida no parágrafo anterior é a bandeira negra com a Shahada (a oração de fé islâmica) escrita em branco nela, bandeira esta definida pelo próprio Profeta Mohamad no século 7 como a bandeira da Batalha Final entre o Bem e o Mal, onde o bem vence e o Bem são eles. Na visão islâmica o Messias deles virá ao final desta batalha. Não importa se você não acredita. O que importa que o Hamas, os palestinos da Faixa de Gaza e talvez outras centenas de milhares de muçulmanos acreditam. A bandeira foi usada pela Al Qaeda, pelo ISIS, pelo Estado Islâmico no Sinai, pelos movimento ligados ao Estado Islâmico na África.
Fico indignado com o discurso humanista, progressista, socialista e comunista já falando do absurdo Israel atacar Rafah ao longo do mês islâmico do Ramadã. Esta restrição parece existir apenas em relação aos judeus. Durante os 10 anos da Guerra Irã x Iraque eles pararam por 10 meses, um mês em cada ano, devido a Ramadã? Não. Durante a Guerra do Afeganistão, entre afegãos e a União Soviética, existiram tréguas anuais para o Ramadã da população local? Não. Durante a Guerra dos Balcãs, houve trégua no Ramadã para os muçulmanos da Bósnia? Não. Durante a Guerra da Síria iniciada em 2011, e ainda não encerrada, portanto já 13 anos, houve trégua para o Ramadã para todas as fações muçulmanos em guerra entre si? Não, nunca! Então porque só os judeus devem respeitar o Ramadã e graciosamente não atacar os muçulmanos enquanto os muçulmanos sempre continuaram as guerras deles durante o Ramadã?
Fico indignado com o discurso humanista, progressista, socialista e comunista que sempre achou tudo bem Israel ser atacado no Yom Kippur, no Dia do Perdão (1973) ou no dia de Simchá Torá (2023). Eu fico indignado porque os citados aqui acima não se importam com os judeus, mesmo se forem judeus. A Guerra do Yom Kippur de 1973, no Egito é a Guerra do Ramadã. Não sabia? Pois é. E o Egito venceu. O Ramadã de 1973 se iniciou ao entardecer do dia 27 de setembro e se encerrou em 26 de outubro. A invasão de Israel pelo Egito se iniciou no dia 6 de outubro e a guerra foi encerrada após ameaça soviética de ataque nuclear contra Israel exatamente no dia 26 de outubro, quando Ariel Sharon com os tanques do IDF tinham atravessado o Canal de Suez e estavam prontos para atacar o Cairo, e ao norte os tanques de Israel estavam já no perímetro urbano de Damasco, capital da Síria.
“Do Rio ao Mar” é só uma encheção de saco nos países do ocidente, gritada por gente que não sabe qual é o rio, nem qual é o mar, nem o que é o Hamas, nem o que é o islã, e muito menos o que é Israel e o que são os judeus.
A realidade do Hamas é o martírio, é morrer em batalha para aceder ao Paraíso. E cada civil morto em combate na Faixa de Gaza é igualmente um mártir. Eles não estão tristes. Estão em júbilo, tenha certeza disto. Atualmente, a alteração jihadista que o Hamas fez sobre as leis da Jihad publicadas no século 9 afirmam que o combatente que tombou é um mártir, a pessoa que lhe deu a ordem para atacar é um mártir (se o combatente morrer), que aquele que fez arma ou providenciou a arma é igualmente um mártir (se o combatente morrer). Então, os líderes que vivem aos nababos no Catar são mártires cada vez que um palestinos na Faixa de Gaza morre nesta guerra. Pelo Livro da Jihad do século 9, os não combatentes que morrem devido a ação do inimigo são mártires, portanto todos os civis palestinos mortos em Gaza são mártires.
Cada um destes mártires irá para o Paraíso sem ter medo do “tormento do túmulo”, que é uma punição mística que um muçulmano pode sofrer após a morte E cada um deles poderá nomear 10 parentes que façam o que fizerem em vida, irão ao Paraíso e não passarão pelo tormento do túmulo. Isso faz parte do islã formal. Na alteração jihadista, cada mártir poderá determinar 72 pessoas que não sofrerão o tormento do túmulo. Portanto, não se trata apenas o martírio, da realização espiritual dos que morrem, mas também a certeza dos que ficaram vivos que estão a salvo do que lhes estaria reservado de pior após a morte.
Peço encarecidamente a quem me lê, que NÃO DESDENHE DISTO, porque as pessoas estão morrendo às pencas e dispostas a matar judeus por isso. Novamente: não importa se você acredita. O que importa é que eles acreditam. Se você acha que isso é fantasia demais, então olhe para dentro, seja você judeu, católico apostólico, cristão evangélico, kardecista, da macumba carioca ou de religiões de matriz africana e pense por um minuto se suas crenças, que são verdade para você, são igualmente desdenhadas pelos outros. E já respondo: é claro que são. É normal que sejam, mas isso não importa para você, nem muda em que você acredita para o pós vida.
Por José Roitberg – jornalista e pesquisador.
Imagem do post é um print de tela da TV Al Jazeera colocando o porta-voz do Hamas no ar para o mundo inteiro.