Vinho “Hitler” provoca indignação na Itália
Uma onda de críticas, começou no início deste mês, atingiu o enólogo Andrea Lunardelli, da Vinícola Lunardelli depois que uma turista em Jesolo, uma cidade costeira a 32 quilômetros de Veneza, encontrou em um supermercado garrafas de vinho que tinham em seus rótulos com o rosto de Adolf Hitler e slogans como “Mein Führer”, “”Blut und Ehre” (“Sangue e Honra”), “Sieg Heil” (“Salve Vitória”) e “Ein Volk, Ein Reich, Ein Führer” (“Um Povo, Um Reino, Um Líder”).
A turista indignada tirou fotos e fez a postagem no Facebook.
“Um choque! Em um supermercado italiano! As garrafas são muito populares entre os turistas alemães, a vendedora me explicou com uma risada”, escreveu a mulher, segundo o site de notícias austríaco Heute. “Supostamente já existe há anos! Mas era novo para mim, e eu não podia acreditar!”
Os vinhos há muito geram indignação, bem como censura oficial. Várias queixas foram apresentadas pelo governo alemão em 1997, e 10 anos depois a polícia italiana apreendeu garrafas da empresa em um esforço para “minimizar a propaganda do fascismo”. Mas um mês depois, um juiz italiano decidiu que era legal vendê-los.
Em 2012, um casal judeu de férias dos Estados Unidos deu o alarme sobre os vinhos, desencadeando uma investigação da promotoria italiana. O Simon Wiesenthal Center, a organização que homenageia o Holocausto e monitora o antissemitismo, condenou repetidamente o governo italiano por permitir os itens e, em 2013, pediu um boicote à empresa.
A recente cobertura da mídia na Alemanha sobre as garrafas provocou indignação. Representantes de comunidades judaicas também expressaram horror. O rabino Abraham Cooper, diretor de ação social global do Simon Wiesenthal Centre, disse ao Vice World News que os produtos são uma “celebração do mal e do genocídio”.
O Sunday Times da Grã-Bretanha noticiou a postagem e fez a matéria intitulada “Vine Kampf: vinho de Hitler à venda em supermercados”, um trocadilho com o título do infame manifesto de Hitler. A Vice World News também cobriu o episódio, conseguindo uma entrevista com Andrea Lunardelli, que disse que os vinhos representavam “uma boa piada” porque Hitler era conhecido como abstêmio.
Lunardelli disse ao Vice World News que os vinhos de Hitler são o “rótulo mais pedido” na linha histórica de produtos, que apresenta rótulos em homenagem a ditadores como Joseph Stalin e Francisco Franco. Há muita demanda de clientes, muitos dos quais são alemães, britânicos, franceses, escandinavos e russos, disse ele à mídia.
O enólogo esclareceu que “absolutamente não é um nazista” e sugeriu que os rótulos não são antissemitas, dizendo ao Vice World News que as garrafas de vinho de Hitler são apenas para um mercado que quer “lembrar” a história.
O empresário afirmou à imprensa que vai tirar o produto do mercado porque não aguenta mais a controvérsia em torno dele.
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