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56 anos da segunda libertação de Jerusalém do jugo muçulmano

No dia 6 de junho de 1967 os paraquedistas israelenses conquistaram, em batalha, mais da metade da cidade de Jerusalém que estava ocupada pela Jordânia muçulmana sunita árabe desde 1948. Até 1948 os judeus podiam ir ao pequeno Kotel ou o Kotel (Muro Ocidental ou Muro das Lamentações) mesmo durante do domínio do Império Turco-Otomano (muçulmano sunita não árabe).

De fato, e pela verdade histórica, Jerusalém estava ocupada pelos muçulmanos, continuamente desde o ano 1280 quando VENCERAM a última Cruzada despachada pela Europa Católica, até dezembro de 1917. A última batalha contra os Cruzados foi em Acre (Akko) em 1291 e o castelo cruzado pode e deve ser visitado.

Os turcos a dominaram de 1516 a 1917 quando foram derrotados pelas tropas britânicas comandadas pelo general Allemby (nome de ruas, ponte e instituições em Israel). Poucos se dão conta, mas em 9 de dezembro o governador e o comandante militar turcos se renderam e Jerusalém voltou ao controle católico após 637 anos. A Batalha de Jerusalém foi guerra mesmo. Os britânicos tiveram 17.000 baixas e os turcos, 25.000, em um mês. O dia 8 de dezembro de 1917 ficou esquecido na história.

No dia 9/dez/1917 o prefeito turco de Jerusalém (ao centro com a bengala), Hussein Salim al-Husseini, e seus comandantes militares decidiram levar a bandeira branca e se renderem aos britânicos. Inicialmente encontraram dos cozinheiros do rancho inglês que se recusaram a receber a rendição. Alguns minutos depois encontraram uma patrulha de seis homens e os dois sargentos na foto, James Sedgewick e Frederick Hurcomb, também não aceitaram a rendição, mas os levaram aos oficiais do batalhão. Felizmente um dos soldados tinha uma câmera fotográfica e todos aceitaram participar deste registro. Nas faces vemos alegria, medo, seriedade e desconfiança naquele dia muito anormal da Primeira Guerra Mundial. Foto em domínio público.

Durante a ocupação jordaniana muçulmana sunita de Jerusalém, além deles profanarem o cemitério do Monte das Oliveiras removendo as lápides (matzeivot) para fazerem calçamentos para rotas de guarda dos soldados e pisos das latrinas (na melhor que cagar sobre as lápides de judeus mortos, segundo os jordanianos e então), a Jordânia demoliu com explosivos 52 sinagogas da cidade, inclusive as duas maiores, a Hurva (reconstruída anos atrás pela Jordânia) e a Tiferet Israel (cujas ruínas estão preservadas e marcadas, mas poucos se interessam) e todo o bairro judeu. Mas isso pode. Israel, por sua vez é criminalizado na ONU por ter derrubado o já arruinado bairro marroquino para dar lugar a praça do Kotel em junho de 1967 (na foto princial). Judeus demolirem bairro muçulmano é crime contra a humanidade. Muçulmanos demolirem bairro judeu e 52 sinagogas é ação afirmativa.

Foto em domínio público.

O que nos leva a foto que colorizei. Ela não é de 1917, é uma foto preto e branca bastante conhecida. Todavia, sem as cores se perdem algumas informações muito preciosas. Esta foto foi tirada no inverno de 1925, data de uma das maiores nevascas da história na cidade de Jerusalém. A legenda, inclusive na Biblioteca do Congresso norte-americano é simples “Dois soldados britânicos no Muro Ocidental em Jerusalém). Autoria desconhecida. Soldados nunca nominados. Faz parte de um grupo de nove fotos daquele dia mostrando a neve em várias partes da cidade. A intenção era a mostrar a neve e não os homens. Então o que temos de informação nesta foto?

Pelo modo como ambos olham o Kotel, provavelmente são judeus. Mais à frente, com sobretudo, um sargento de infantaria. Mas o soldado é o mais interessante. Este rapaz, apesar de não trazer condecorações nesta foto, pode ser considerado um herói. Vejamos.

No braço direito ele traz um chevron, a patente de “lance corporal” que é tratada como “cabo” e é o segundo em comando de uma seção que podia variar de 6 a 20 soldados. Haveria um cabo ou sargento no comando e nosso herói como o segundo em comando.

No braço esquerdo ele traz dois chevrons na parte inferior da manga. São citações por boa conduta. Cada uma representa um período de dois anos sem ter sido sujeito a qualquer medida disciplinar e só são dadas aos soldados alistados em período de guerra.

E no braço direito, também embaixo na manga, a informação mais interessante e preciosa, pouquíssimo conhecida. É uma insígnia com seis chevrons: cinco azuis e um vermelho bem nítido. É uma insígnia rara. Nosso judeu herói desconhecido esteve em serviço ativo durante todos os anos da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, o que não são quatro anos, mas cinco anos. E o chevron vermelho é o mais importante de todos: só o portavam em seus uniformes os voluntários da primeira leva de 1914. Portanto ele sobreviveu à Primeira Guerra Mundial, do início ao fim, e continuava engajado após onze anos. Essa informação se perde ao observar rapidamente a foto original em preto e branco.

É claro que todos gostariam de conhecer a história daquele rapaz judeu britânico, mas não sabemos quem ele é. A guerra foi algo tão terrível que pouquíssimos sobreviventes decidiram escrever sobre ela. É compreensível.

As inscrições nas pedras do Kotel, segundo o rabino Beutner no Chabad-RJ, especialista em documentos judaicos antigos, são apenas “pichações” de viajantes e visitantes desde o século 18, pelo menos. Todas foram limpas em 1967. Não se sabe se antes foram documentadas fotograficamente. Segundo Beutner, a grande maioria era composta por nomes, datas da visita e locais de origem.

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem principal: fase final das obras da demolição do bairro marroquino de Jerusalém na segunda semana de junho de 1967, já com muitos civis visitando o Kotel. Foto em domínio público, arquivo do governo de Israel.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.