Familiares ameaçam não comparecer aos 50 anos do massacre nas Olimpíadas de Munique
Durante as Olimpíadas de 1972 em Munique, terroristas da organização palestina Setembro Negro fizeram reféns membros da equipe israelense na vila olímpica e tentaram libertar centenas de simpatizantes palestinos presos em troca. A situação terminou em um massacre na base aérea de Fürstenfeldbruck, onde 11 israelenses e um policial alemão perderam a vida.
A intervenção dos serviços de segurança alemães na base militar de Fürstenfeldbruck, a cerca de trinta quilómetros de Munique, terminou com a morte de todos os reféns, bem como de um polícia da Alemanha Ocidental, um resultado sangrento pelo qual as autoridades da Alemanha Ocidental foram parcialmente responsabilizadas.
As famílias receberam alguma compensação em 1972 e novamente em 2002, mas eram pequenas somas de dinheiro e descritas pelo governo alemão como “assistência humanitária”, a fim de evitar a admissão de culpa por parte das autoridades da Alemanha Ocidental, a morte dos atletas olímpicos israelenses.
As famílias classificam os valores pagos como um insulto.
Uma série de eventos foram planejados para marcar o 50º aniversário do ataque. Uma cerimônia está sendo projetada e coordenado pelo Museu Judaico de Munique e pelo Centro de Documentação de Munique para a História do Nacional Socialismo em cooperação com o Consulado Geral do Estado de Israel. Também há planos para homenagear as vítimas no Campeonato Europeu, programado para 11 a 21 de agosto, que será o maior evento multiesportivo realizado em Munique desde as Olimpíadas.
Mas as demandas por mais compensações ameaçam a realização dos eventos.
O Ministério do Interior alemão confirmou nesta semana que está em conversações com os familiares e que as “graves consequências para os dependentes sobreviventes das vítimas em termos imateriais e materiais” devem ser reavaliadas, segundo a declaração divulgada. Uma oferta de pagamentos adicionais de reconhecimento foi planejada, mas o valor não foi revelado publicamente.
Ilana Romano, a viúva do levantador de peso Yossef Romano, que foi um dos primeiros israelenses mortos, disse a emissora israelense Kan News que a atual oferta de reparação da Alemanha era “degradante” e que as famílias a rejeitaram.
“A oferta é degradante, e estamos mantendo nossa posição de que estamos boicotando a cerimônia [de aniversário]”, disse ela, acrescentando que a Alemanha “nos jogou aos cães. Eles nos maltrataram por 50 anos.
Além dessa compensação financeira, a Alemanha criará uma comissão composta por historiadores alemães e israelenses com o objetivo de elucidar plenamente os eventos e “reavaliá-los no nível político”, acrescentou.
As famílias estão ameaçando boicotar a comemoração do 50ºaniversário do ataque em setembro, se a proposta atual se mantiver.
“Não exigimos bilhões, mas solicitamos uma compensação adequada, que fará uma mudança significativa para nossa geração mais jovem em nossas famílias”, disse ela.
O novo anúncio marca um avanço nas negociações de reparação em andamento entre a Alemanha e os representantes das vítimas.
Imagem: Caixões dos atletas israelenses alinhados à bordo de carros de comando durante a cerimônia memorial no Aeroporto de Lod, em Israel, antes do enterro em cemitérios locais. Crédito: Eldan David/ Gabinete de Imprensa do Governo (GPO) via Wikimedia Commons.