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A Guerra dos Cinco Dias terminou, provavelmente

Guerra dos Cinco Dias ou Operação Escudo e Flecha, um embate entre a Jihad Islâmica da Faixa de Gaza e o Estado de Israel. Do lado israelense deixou dois mortos. Do lado palestino, seis comandantes de vários ramos do grupo terrorista Jihad Islâmico, suas esposas e filhos e outras pessoas também morreram. Inclusive as atingidas por 20% dos mísseis lançados (290) pela Jihad Islâmica que não atravessaram a fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel e desabaram sobre as cabeças palestinas.

Mas a mídia, principalmente a grande mídia brasileira coloca comandantes da Jihad Islâmica e soldados da Jihad Islâmica como “vítimas civis”, o que é fake news tendenciosa de mais profunde estirpe do jornalismo de esquerda política anti-Israel. Vimos essa boçalidade noticiosa ao longo de toda a Guerra da Síria. Os ataques da aviação norte-americana só atingiram civis, enquanto os ataques da força aérea russa nunca atingiram civis.

A mídia brasileira não é paga pela Rússia, pela China, por Cuba ou Venezuela para imprimir esta tendência antiamericana (e aí engloba Israel no antiamericanismo). Faz porque quer fazer e acha correto fazer: “quem não se posiciona a favor dos oprimidos está com os opressores”, é uma máxima da propaganda marxista.

E os oprimidos, no caso da Faixa de Gaza são os grupos terroristas que lançam milhares de mísseis (nestes cinco dias foram 1.468), contra um país soberano membro da ONU. E opressores, são os cidadãos deste país que teimam em não morrer. Opressores são os que vivem numa democracia (complicada, mas ainda democracia israelense), onde as mulheres são livres, onde os LGBTS+ são livres. Oprimidos são os que vivem numa região onde as mulheres tem status de segunda categoria e LGBTS+, se encontrado, será enforcado num poste na rua. Mas quem precisa explicar isso são os jornalistas da grande mídia e a esquerda política.

O Domo de Ferro interceptou 437 mísseis que iriam cair em áreas populadas israelenses. Só dispara contra mísseis cuja trajetória calculada não termina em espaços abertos. O Domo de Ferro é um sistema de curto alcance. Outros dois mísseis, um direcionado para Tel Aviv e outro para Jerusalém foram interceptados pelo David’s Sling (Funda de David), sistema de médio alcance que obteve seus primeiros dois sucessos. A taxa de abate foi de 95,6%, espantosa.

Os palestinos mataram dois alvos israelenses da mais suma importância.

O primeiro deles foi a senhora Inga Avramyan za’l de 80 anos de idade, morta esmagada pelo teto de seu próprio apartamento, enquanto tentava levar o marido dela, acamado impossibilitado de se deslocar para o quarto seguro do apartamento. Uma tragédia na qual ela não possui qualquer culpa. O marido ficou gravemente ferido. O apartamento dos Avramyan, em Rehovot, recebeu um impacto direto, a cerca de 80 km do Sul da Faixa de Gaza, de onde a Jihad Islâmica operou.

A segunda vítima foi um irmão palestino dos terroristas, que trabalhava na construção civil, Abdullah Abu Jaba, 32, muçulmano sunita, pai de seis crianças entre 11 anos de idade e um bebê. O irão de Abdullah ficou gravemente ferido pelo mesmo foguete que atingiu uma área de construção agrícola em Shokeda, uma fazenda coletiva religiosa a cerca de 8 km da Faixa de Gaza. O ministério da defesa de Israel o incluiu na lista de vítimas do terrorismo e os familiares dele terão direito ao seguro e benefícios das vítimas em Israel, mesmo vivendo em Gaza.

Por sua vez, Israel atacou pouco menos de 700 alvos da Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, incluindo algumas áreas subterrâneas de lançamento de mísseis. Não é possível subestimar a capacidade da engenharia militar palestina ou do Hezbollah. Os mísseis não estão mais sendo lançados de buracos no chão ou suportes metálicos manufaturados de qualquer jeito.

Não são mais canos de irrigação com cera de 15 cm de diâmetro. Um dos mísseis que atingiu revohot e cravou no piso de uma rua da cidade permite ver um enorme tudo com mais de meio metro de diâmetro. Os mísseis receberam um upgrade muito grande, estão atingindo alvos a 80 km. Como comparação, o sistema militar soviético-russo Grad BM-21 usa mísseis de 122 mm (12,2 cm de diâmetro), com alcance de 20 km.

Para lançar mísseis já enormes, o Jihad Islâmico e provavelmente o Hamas construíram bases de lançamento no subsolo. A cobertura é movida no momento do disparo. Na operação anterior contra o Hamas, o IDF foi surpreendido com “casas falsas”. Por fora parecia uma casa qualquer num bairro residencial, mas o telhado era movido para o lado e dentro existia uma bateria de mísseis pronta para disparo. Ninguém morava nestas casas. Para destruir estes alvos depois de localizados, o IDF precisa atacar áreas residenciais, o que faz com precisão absoluta e isso permite à mídia enviesada contra Israel afirmar que Israel atacou bairros residenciais. Sim: alvos militares camuflados entre a população civil para promover o efeito midiático tradicional contra Israel. Já os palestinos atacarem apenas alvos civis, é simplesmente desconsiderado pela mídia.

Em algum dos conflitos entre a Faixa de Gaza e Israel o leitor ouvi falar de algum míssil palestino lançado contra alguma base militar ou aeroporto militar israelense? Pois é. Não ouviu, porque nunca aconteceu.

Nenhum país árabe criticou a ação Israelense, bem como o mundo islâmico em geral pois eles sabem que os jihadistas muçulmanos são um risco mortal para todos.

Os ministérios das relações exteriores do Brasil e Argentina se posicionaram contra o “ataque israelense” e o Brasil se solidarizou com o governo do Estado Palestino (coisa que não existe). Aliás, alguém escutou a Autoridade Palestina ou o próprio Hamas, reclamarem de Israel nestes cinco dias? Não, não é. O Jihad Islâmico é inimigo deles. E limar a liderança deste grupo terrorista é um favor que Israel fez ao Mahmoud Abbas e ao Hamas.

Para quem deseja entender o que se passa do ponto de vista técnico continua impressionante a capacidade da Faixa de Gaza de utilizar os canos de ferro, agora de sua rede de água e esgoto para a produção de foguetes a partir de planos elaborados por engenheiros militares iranianos. Planos muito bons e competentes, é preciso reconhecer.

Mas um foguete não é um tudo com explosivos na frente e combustível atrás. É necessário um bocal atrás para fazer com que a queima do combustível impulsione o foguete de forma controlada. Os bocais militares costumam ser projetos industriais, mas em Gaza são manufaturados. O metal utilizado precisa resistir a altíssima temperatura do jato aceso de combustível sólido e precisa ser usinado de forma complexa e precisa.

Nos foguetes Farj-3, de 70 km mas com apenas 33 cm de diâmetro já se divulgou como é o bocal. Possui várias saídas usinadas em curva para dar giro de estabilização ao foguete. E isso não tem nada de simples. São projetos complexos. Não podem ser subestimados.

Imagem: O primeiro-ministro Bibi Netanyahu com o major-general Amir Baran, vice-chefe do Estado Maior do IDF, na frente de uma bateria do David’s Sling operado pela Unidade de Defesa da Força Aérea de Israel, no dia 13/mai/2023. Foto de Kobi Gideon, GPO.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.