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Comando do IDF esclarece alvos em Gaza: foi a primeira guerra em que a IA foi fator definidor

Neste dia 27/mai o comando do IDF (Forças de Defesa de Israel) emitiu um comunicado oficial sobre os resultados da operação Guardiões das Muralhas, como foi denominada esta última guerra de Gaza.

A cada nova guerra, Israel surpreende o mundo e adversário ao utilizar táticas e/ou armas, que ninguém fazia ideia de existirem. Desta vez foi a IA – Inteligência Artificial. E se você está pensando que o texto é sobre o Domo de Ferro, vai se surpreender.

Além de Israel ser o berço da Intel para as gerações das CPUs I9 e I10 da Intel, esta última já voltada para a primeira geração real de IA, lá em Israel também está o criador e fabricante dos servidores de nuvem e de mesa voltados especificamente para IA. Um dos exemplos mais simples e palpáveis é a velocidade com que o Google encontra todas as publicações de uma foto, por exemplo. É IA já há algum tempo, mas otimizada por estes servidores que possuem CPUs específicas para eles, diferentes das CPUs da Intel. Agora, imagine o que o Estado pode possuir.

A IA foi utilizada pela primeira vez para a análise e localização de alvos para os mísseis lançados pela Força Aérea. A IA foi capaz de integrar as mais diferentes fontes de informações já existentes, com as dinâmicas de combate, como fotos de reconhecimento, monitoramento de satélite, tráfego de Internet, telefonia celular e fixa, tráfego de rádio, inclusive em suas modalidades criptografadas e criar, dinamicamente novas listas de alvos, confirmar e atualizar alvos já conhecidos e também determinar o tipo de míssil ou bomba necessário para o ataque.

Uma das fontes de informações foi abertamente citada e publicada pelo IDF (em minha modesta opinião, não deveria ter sido citada), é chamada de “Humint”, inteligência humana, ou seja, pessoas que estão na Faixa de Gaza enviando informações para Israel. A IA também incorpora os relatórios de Humint em suas análises.

Com isso, o IDF declarou que de fato destruiu trinta fábricas de mísseis do Hamas, localizadas no subsolo. Não comemore ainda. Mas não disse quantas existiam.
O IDF declarou que destruiu 100 km de túneis em Gaza e com isso impossibilitou a utilização das instalações subterrâneas alcançadas por estes túneis. Não comemore ainda. O IDF declarou que isto representa apenas 30% da rede de túneis que estaria completamente mapeada pela IA.

Todos os ataques certeiros contra líderes militares do Hamas e da Jihad Islâmica foram percebidos, analisados e implementados pela IA. O melhor exemplo foi o caso do Hassan Abu Harbid, comandante da Jihad Islâmica, que estava na região densamente povoada do campo de refugiados de Shati. A IA descobriu que ele estaria dormindo num quarto de hóspedes anexo externo numa casa de uma família e direcionou o ataque com uma bomba inteligente e baixo poder explosivo para penetrar o teto e explodir no quarto. Não houve outros danos à casa nem civis feridos.

A contagem geral dos mísseis lançados pelo Hamas foi de 4.300 – um total de 960 (22,4%) deles erraram completamente o território de Israel. Destes, 280 atingiram o mar e 680 caíram e explodiram dentro do território do Hamas. Todavia o IDF atribui apenas 8 dos civis palestinos mortos a estes mísseis palestinos falhados.

Pelo lado do Hamas o IDF identificou ao longo dos onze dias de combates, novas modalidades de lançamento de mísseis, inclusive caminhões com lançadores com tubos múltiplos, o que melhora o direcionamento dos mísseis, e também a arma surpresa do Hamas para esta guerra: telhados móveis permitindo o disparo de mísseis de dentro de casas: ou seja, não eram casas, mas silos de mísseis camuflados como casas. Obviamente, na retórica anti-israelense, o IDF atacou uma casa, não o silo de mísseis. O IDF declarou que destruiu apena 40% dos caminhões lançadores de mísseis.

ATENÇÃO: O IDF DECLAROU QUE APESAR DOS NÚMEROS ALTÍSSIMOS DE MÍSSEIS DISPARADOS OU DESTRUÍDOS NO SOLO OU SUBSOLO, ISTO CORRESPONDE APENAS A 10% (DEZ POR CENTO) DO NÚMERO DE MÍSSEIS EM POSSE DO HAMAS. Ou seja, o Hamas teria em torno de 40.000 mísseis, número reduzido para inaceitáveis 35.000 mísseis restantes. este número pode ser verdadeiro ou pode não ser, pois os dados reais sobre o arsenal em posse do Hamas são considerados sigilosos e não foram nem serão revelados por Israel, nem pelo Hamas.

Sobre a notícia, recebida com um ufanismo impressionante de que o IDF teria posicionado tropas simulando a invasão de Gaza e com isso as tropas do Hamas teriam entrado nos túneis, então bombardeados “matando centenas ou milhares”, o IDF declarou que usou sim este drible, mas que o número de tropas do Hamas mortas nos túneis foi mínimo.

Ligada aos satélites de vigilância a IA é capaz de enviar alertas imediatos a qualquer veículo do IDF que esteja em linha de visada ou tiro de algum operador de míssil antitanque (desde que o operador esteja visível). No caso do jipe do IDF atingido logo no primeiro dia de combate, a IA enviou o alerta e uma investigação está em curso para saber por que os soldados não o atenderam.

Sobre o ataque ao edifício conhecido como torre Jala, que sediava o canal de TV do Hamas, a Associated Press, a Al Jazeera e vários escritórios de outras agências de notícias internacionais, o IDF declarou que o prédio também abrigava a unidade de inteligência eletrônica do Hamas, possuindo vários equipamentos avançados de guerra eletrônica, inclusive os que interferem com o sinal de GPS afetando a operação normal de alguns tipos de mísseis e bombas utilizados por Israel. A decisão de colocar o prédio abaixo ocorreu depois de uma análise humana decidir que um ataque apenas contra os andares que abrigavam as instalações do Hamas não afetariam os equipamentos de guerra eletrônica. Não houve qualquer vítima neste ataque.

O número de mísseis que atingiu o território de Israel e o número de mísseis do Domo de Ferro disparados continua com o sigilo militar.

Estes são os fatos até o momento.


José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.