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Dia 7 Hamas disse querer acordo, líder militar diz querer guerra

O duplo discurso palestinos, um em inglês outro em árabe é tradicional. Neste dia 7 de julho, quando completaram nove meses do massacre de 7 de outubro as notícias nos jornais israelenses e na mídia internacional eram sobre o Hamas estar disposto a aliviar os termos dele nas negociações por reféns, tanto que está ocorrendo nova rodada.

Nenhuma mídia em Israel ou no mundo, publicou ou vai publicar o outro lado das declarações do Hamas no dia 7 de julho. Foi um discurso público, (na foto) de Abu Obeida, o porta-voz das Brigadas Al-Qassam, que é o nome correto da ala militar do Hamas.

Resumo do discurso do porta-voz das Brigadas Al-Qassam, Abu Obeida, hoje, 7/7/2024:

• Lembramos ao mundo que a ‘Inundação de Al-Aqsa’ não foi o início da história para o nosso trabalho de resistência, mas sim como uma explosão face ao inimigo.

• As nossas forças e capacidades estão em muito boas condições e, durante a guerra, conseguimos recrutar milhares de novos combatentes… E há milhares mais prontos para enfrentar o inimigo sempre que necessário.

• A batalha de Rafah, que já dura cerca de dois meses, e o que está a acontecer em Shuja’iyya e no Norte e no centro da Faixa de Gaza são a maior prova da força da nossa resistência e do fracasso do inimigo.

• Temos documentos que revelaremos no momento apropriado e que mostrarão como levamos a cabo um complexo engano estratégico do Shin Bet e do aparelho de segurança do inimigo.

• Não há lugar em Gaza para o transportador de tropas “Namer”… nem para mercenários que lutam por conta de outrem, nem para forças escondidas em casas como ladrões… nem para oficiais que lutam atrás de veículos blindados numa batalha perdida. Todos eles irão embora, mortos ou feridos.

• O Corredor Netzarim, no meio da Faixa de Gaza, será o eixo da morte e do terror para o inimigo, e o inimigo sairá dele derrotado e derrotado.

• Todos os nossos 24 batalhões e todas as armas de apoio lutaram de norte a sul, juntamente com as facções de resistência.

• Uma homenagem devida ao Hezbollah, aos mujahideen das facções palestinas no Líbano, ao AnsarAllah no Iémen e à resistência iraquiana.

• Garantimos aos nossos combatentes, ao nosso povo e à nossa nação que a ‘Inundação de Al-Aqsa’ é uma daquelas batalhas que só pode levar a grandes transformações.

• Ao unir as frentes contra a ocupação, os combatentes da nossa ummah alcançaram a unidade árabe de uma forma sem precedentes.

• O pesadelo de uma revolta na Cisjordânia, em Jerusalém e nos territórios ocupados de 1948 está inevitavelmente a chegar.

OBS Menorah: na visão dele, o Hamas está ganhando a guerra, mesmo que destruído quase até o talo. A “unidade árabe de uma forma sem precedentes” é uma mentira completa voltada aos palestinos da Faixa de Gaza e aos combatentes remanescentes, até porque o Irã não é árabe. Dão a entender que o mundo árabe os está apoiando e isso simplesmente não existe.

A moderação das FDI em Rafah, exigida pela ONU e por países ocidentais aliados é transformada em vitória armada do Hamas, pois Israel ainda não limpou toda Rafah. O porta-voz da Al Qassan simplesmente inventa o uso de mercenários estrangeiros por parte de Israel e define que os sodados da FDI são covardes que se escondem em prédios e atrás de blindados.

Ou seja, não resta outra possibilidade para Israel a não ser levar a remoção física dos combatentes do Hamas até a última consequência possível. Ainda assim, quando estiverem completamente derrotados, vão declarar a vitória sobre Israel, porque nos preceitos islâmicos sunitas, os verdadeiros muçulmanos nunca perderam qualquer batalha. Isso é o que explica a declaração de vitória em todas as derrotas. Se afirmarem que perderam, teologicamente estarão afirmando que não são muçulmanos verdadeiros.

Na imagem, Abu Obeida, porta-voz militar do Hamas discursa com o “número 1”, Deus é único, Allah é o Único, símbolo de identificação dos jihadistas do Estado Islâmico (ISIS).

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.