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Encontro regional árabe israelense nas terras de Ben Gurion

A escolha de Sde Boker, onde David ben Gurion (o primeiro primeiro-ministro de Israel, liderança sionista de esquerda que declarou a independência do Estado Judeu em 1948) tinha sua casa e onde repousa junto a esposa dele para o encontro com os ministros das relações exteriores do Egito, Marrocos, UAE, Bahrein e o secretário de estado dos EUA, é muito mais que emblemática.

Ela sacramenta a aceitação do sionismo por aquelas nações árabes.

O encontro faz parte já da etapa natural de cooperação após os Acordos de Abraão que formaram uma ampla frente contra o Irã, ainda com a relutância da Arábia Saudita em aderir completamente, e também contra o Estado Islâmico, inimigo de todos.

Em conferência de imprensa, Yair Lapid, o ministro israelense das relações exteriores afirmou que a decisão mais visível foi a transformação do encontro num fórum permanente, ou seja, os ministros criaram um canal de comunicação permanente entre eles, o que foi espetacular e sem precedentes na história do Oriente Médio.

O que foi dito de público, como aumento da cooperação econômica, tecnológica, turismo etc, de fato é o que deveria ter sido dito e pouco importa. A parte sigilosa do encontro foi a mais importante na reta final onde o acordo nucelar com o Irã está na reta final par sair ou não sair. A bomba xiita é uma ameaça maior aos sunitas que à Israel.

Todos os ministros árabes condenaram o ataque terrorista do Estado Islâmico em Hadera. Mas não ficou evidente se os primos árabes realizaram sua ação assassina contra o encontro, aproveitando o foco da mídia no encontro ou a data teria sido coincidência.

E todos os ministros árabes também deixaram claro que seus países vão apoiar um futuro estado palestino. Ao invés de agradecer, autoridades da OLP criticaram duramente o encontro. Ou seja, mais uma vez, no discurso para fora, repudiam qualquer ação que vise a normalização das relações de qualquer nação árabe com Israel, como se tivessem qualquer mínimo direito de definir o que os outros países podem ou não podem realizar.

Por outro lado, e por outro lado mesmo, aconteceu um encontro paralelo em Amã, entre Mahmoud Abbas e o rei Hussein da Jordânia. O leitor deveria estar estranhando a não participação da Jordânia no encontro no Negev, não é. O ministro da defesa de Israel, Gantz estava convidado para esta conversa em Amã, mas Bennett definiu a não participação.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.