Israel

Israel pode ter destruído a capacidade do Hamas de fabricar mísseis

O ataque contra a principal fábrica subterrânea de mísseis do Hamas na Faixa de Gaza aconteceu no sábado a noite. Segundo o porta-vos do IDF a instalação, onde também estavam armazenadas 16 toneladas de explosivos militares foi completamente destruída.

A ação foi realizada por aeronaves antigas F-15E, projeto de 1989, modernizadas, lançando as enormes bombas destruidoras de bunkers GBU-28 de fabricação norte-americana. Curiosamente a mídia israelense parece ter imaginado que a informação estava errada e publicou que a GBU-28 tem 268 kg, quando na verdade é um artefato enorme, com 5,7 metros de comprimento e 40 cm de largura pesando 2.268 kg. (isso mesmo duas toneladas e mais os 268 kg). De fato ela carrega 286 kg de explosivos.

Esta bomba só pode ser lançada de três tipos de aeronaves. Os stealth F-111 e o imenso bombardeiro invisível B2, onde são transportadas internamente ou no F-16E que a transporta sob a fuselagem. Os dados públicos indicam que os EUA repassaram para Israel nas administrações Geroge. W. Bush e Obama, pelo menos 128 bombas destas e talvez 20 tenham sido empregadas na operação Margem Protetora contra o Hamas em 2014. Os EUA só lançaram esta bomba sete vezes. Duas na Primeira Guerra do Golfo, uma errou e outra destruiu o alvo, e cinco vezes contra o centro de comando sérvio na Guerra da Bósnia que não foi destruído.

A GBU-28 foi uma bomba projetada às pressas, em 1991, para destruir o bunker de Saddan Hussein e outros importantes no Iraque. Não havia tempo para desenvolver quase nada, então o fabricante decidiu usar como corpo da bomba, velhos canos de canhões de 203 mm desativados, e deu certo.

Esta enorme massa e corpo de aço muito espesso de grande dureza permite a bomba penetrar profundamente antes de explodir. Os dados atuais são segredo militar, mas o primeiro teste, de 1991, é público. A bomba, guiada a laser atingiu perfeitamente o alvo, penetrou um bunker de concreto reforçado com praticamente 7 metros de espessura (imagine uma parede de concreto reforçado de especificação militar com mais de dois andares de um prédio residencial), e ainda se enterrou no solo penetrando mais 1.500 metros.

O segredo deste tipo de armamento é o dispositivo de detonação e a carga explosiva não serem esmagados com o impacto enorme e funcionarem, ou seja, a bomba explodir após penetrar.

Neste último ataque à Gaza, as imagens parecem mostrar o impacto de três GBU-28 ao longo da instalação e a gigantesca explosão secundária das 16 toneladas de explosivos militares que se acreditava estarem armazenadas lá. De onde vêm estes explosivos todos? Parte substancial deles é oriundo de mísseis e bombas israelenses não detonadas em ataques anteriores. Os técnicos do Hamas são especialistas em remover, desmontar e retirar os explosivos com segurança total.

Imagem: ilustrativa F-15E Strike Eagle norte-americano lançando GBU-28 Wikimedia Commons

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.