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Rosh Hashaná com muitas ameaças de bomba às sinagogas nos Estados Unidos

A polícia norte-americana investigou ameaças de bomba em várias sinagogas nos Estados Unidos durante os dois dias de Rosh Hashanah. A onda de ameaças que vem perturbando as instituições judaicas ao longo do ano, perdurou durante o feriado.

Nem todos os incidentes foram considerados tendo credibilidade e não houve relatos de violência durante o fim de semana do feriado, quando milhares de sinagogas nos Estados Unidos receberam seus membros para os dias de culto.

No entanto, algumas congregações tiveram os seus cultos evacuados ou adiados devido às ameaças. Isto aconteceu, por exemplo, numa sinagoga reformista em Nova Jersey, onde 300 fiéis foram obrigados a abandonar o edifício pouco depois do início das rezas de sexta-feira à noite.

Todos os ramos, da Reforma à Ortodoxia foram ameaçados. Várias sinagogas com serviços on-line, receberam ameaças entre 5 a 10 minutos após o início da transmissão.

Os líderes judeus ficaram em alerta máximo depois que ameaças de bomba foram feitas nas sinagogas no início deste verão, todas as quais se revelaram falsas. A Liga Antidifamação, um órgão de vigilância antissemita, disse que pelo menos 49 ameaças foram feitas contra sinagogas em 13 estados nos últimos dois meses. As organizações de segurança alertaram no início do feriado que, embora nenhum dos incidentes anteriores fosse credível, todas as ameaças deveriam ser levadas a sério.

É preciso considerar que este não é um cenário novo e aconteceu também no primeiro ano do governo Trump. Todos apontavam os dedos para nazistas e fascistas aliados do presidente Trump até que a investigação do FBI identificou a origem das ligações telefônicas num apartamento da cidade de Ashdot, no litoral sul de Israel. Foi uma surpresa. A polícia israelense foi lá e prendeu um jovem judeu com diagnóstico de esquizofrenia e sob tratamento psiquiátrico. Verificando o computador dele, determinaram que o rapaz fez centenas de ameaças telefônicas à instituições judaicas da América do Norte, Europa e Austrália, além de ameaças de bomba em aviões voando sobre a Europa e Austrália, levando a medidas militares contra as aeronaves. Todas as ameaças eram falsas.

Os pais alegaram que não faziam ideia das atividades do filho que passava o dia no quarto dele no computador. Tinha instalado um software que permitia fazer ligações telefônicas pelo PC, sem pagar conta, sem ter número de telefone verdadeiro e imaginando que não seria encontrado. No fim das contas nem o rapaz nem os pais tem qualquer traço de antissemitismo, muito pelo contrário. As atividades do jovem foram em consequência da doença mental e ele afirmou em juízo que achava divertido.

Foi considerado inapto para ser julgado e enviado para uma instituição mental em Israel, onde em princípio, deveria ainda estar internado. Não existe informação pública se ele foi liberado ou não. Anteriormente já tinha fugido duas vezes da instituição sendo recapturado pouco depois. Em pelo menos uma ocasião foi flagrado fazendo o mesmo tipo de ameaças a partir de um computador da própria instituição onde está internado. Faz parte da sentença do juiz a proibição do rapaz acessar computadores, celulares ou qualquer outro equipamento conectado à Internet.

O fato dele não ter sido julgado fez com que uma causa de pedidos de indenização de dezenas de milhões de dólares (que a família não poderia pagar de qualquer maneira) fique suspensa. Empresas aéreas querem o ressarcimento de combustível gasto a mais no desvio de aviões. Combustível também é uma causa de várias forças aéreas que enviaram caças ao encontro dos aviões. Vários departamentos de polícia nos EUA e Austrália têm também ações pela indenização de combustível e horas de trabalho de policiais devido às ameaças de bombas.

Nenhum dado sobre os telefonemas atuais nos EUA, como dizeres das ameaças, se é homem, mulher, ou voz artificial, ou a intenção (se é que foi dita em algum telefonema) foi revelado nem pela polícia nem pelas instituições judaicas americanas.

Em Uman, no túmulo do rabino Nachman de Breslov um recorde de 32.000 peregrinos sem qualquer incidente relevante. Lamentavelmente um deles, com 51 anos de idade, sofreu um colapso na frente do prédio onde acontece a visitação e faleceu na frente dos filhos, mesmo com rápido atendimento dos paramédicos de plantão no local. O corpo foi levado para Israel por conta do ministério das relações exteriores israelense, o que é uma atitude digna e correta num momento triste como este.

Imagem: a espetacular sinagoga Reformista Temple B’nai Jeshurun em Millburn, Nova Jersey, uma das que recebeu ameaças. “jeshurun” é um nome poético para se referir à Israel, o homem patriarca Jacó, e não ao país, que se traduz por “justo”, portanto Templo Filhos do Justo, Filhos de Jacó ou Filhos de Israel. Foto de divulgação da sinagoga.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.