IsraelÚltimas notícias

Strike Um – primeira votação da reforma judiciária israelense aprovada por 63 a 47

Resumindo. Para uma lei ser aprovada no Knesset, parlamento israelense, ela é “lida”, apresentada e votada por três vezes. Depois o presidente do país a sanciona assinando, atitude que sempre aconteceu.

Atualmente a Suprema Corte é escolhida por todos os juízes de Israel que apresentam uma lista ao presidente do país. O Judiciário é um poder totalmente independente lá. Bibi quer que ele indique os juízes da Suprema Corte (que serão apenas os amigos e favoráveis a ele) e que o parlamento os aprove. No momento Bibi tem 63 votos no parlamento e aprova qualquer coisa.

Israel só tem uma casa parlamentar, diferente do sistema com congresso e senado, como no Brasil e EUA, por exemplo. Não existe instância legislativa nem superior, nem inferior ao parlamento. E a coalizão do Likud com os piromaníacos ultra-ortodoxos, que mais se assemelham aos zelotes do ano 66, aqueles que partiram para a guerra contra romanos, contra Herodes, o rei preposto dos romanos e os idumeus (povo de onde se originou a família Herodes), e contra os judeus que apoiavam o Império Romano, que apoiavam o rei preposto, inclusive vários dos sacerdotes do Segundo Templo.

Na época, não se denominavam zelotes, mas sicários, por portarem um punhal curto de ferro batido, chamado “sicae”. Sicário não é um termo italiano ou Siciliano. É um termo pelo qual se autodenominavam os fanáticos religiosos judeus do ano 66. Um Israel totalmente independente e apenas pelas leis judaicas, foi a luta deles.

O resultado se deu no ano 70. Ao final de quatro anos da Primeira Guerra Judaico-Romana, todos os sicários-fanáticos-zelotes estavam mortos. Na última batalha por Jerusalém, os sicários-zelotes incendiariam armazéns e comércios ainda existentes dos judeus da cidade que preferiam serem cidadãos romanos, podemos dizer, cidadão do mundo modernos e globalizado de antanho.

O que é a agenda dos piromaníacos do Noam, do Sionismo Judaico (ultra-ortodoxo) e do Shas (ultra-ortodoxo árabe), senão a agenda zelote? Estado de Israel só para judeus, regido pelas leis judaicas que devem ser impostas a todos os judeus. Criminalização através de lei, com penas de prisão para homens e mulheres que estiverem juntos da região maior do Kotel. Pena de prisão para mulheres que insistirem em ler a Torá. Pena de prisão para homens e mulheres que estiverem juntos em cerimônias religiosas que eles, os piromaníacos, decidam que não possam estar. Expulsar árabes. Retirar cidadania de quem for inimigo de Israel. Tornar inimigos de Israel e de Deus outros judeus dos quais eles não gostam, como reformistas, liberais, conservadores, ortodoxos-modernos, reconstrucionistas, seculares, ateus e GLBTS+ principalmente se forem ortodoxos, anulações retroativas a um século de conversões ao judaísmo e do caráter judaico dos descendentes destes convertidos.

E neste momento onde a bola deveria estar sendo baixada, já com a oitava noite de sábado com mais de 350.000 judeus portando bandeiras de Israel nas ruas do país protestando contra a reforma judicial e o empoderamento dos piromaníacos entre os ortodoxos, eles se mostram o que são. Colocaram em pauta outra lei prometida. Desta vez, ela obriga os hospitais a alimentarem TODOS OS PACIENTES durante Pessach, com matzá e alimentos com o selo “kosher le Pessach”, uma certificação plus, em relação a um alimento apenas certificado como “kosher”, ainda que seja o mesmo. É claro que o certificado kosher para Pessach é mais caro.

Aos pacientes não será dada opção de alimentação durante os oito dias de Pessach. Como é isso? Por que alguém estaria contra? Afinal de contas, pelo hassidismo, o misticismo judaico, matzá é tudo de bom e do melhor. A bolacha de farinha e água, cura! Melhor que qualquer medicamento! Quem recusar é um idiota.

Até o ano passado, vários hospitais israelenses sempre ofereceram alimentos kosher para Pessach aos seus pacientes, principalmente aos que pedirem isso. E outros vários hospitais, não. A lei pretende obrigar todos os pacientes, funcionários e médicos à dieta de Pessach que a ortodoxia determina como correta, boa para o corpo e para o espírito.

Praticar não é fanatismo. Tentar convencer os outros a praticar. Não é fanatismo. Criminalizar quem não pratica, aí sim é o que o regime Talibã do Afeganistão faz e sim, é fanatismo.

Se os piromaníacos colocarem seus juízes na Suprema Corte, então não existirá mais qualquer limite para a imposição de leis e criação de crimes sobre todos os outros judeus de lá. E tudo o que já fizeram dá a entender que este é o projeto e por isso centenas de milhares de israelenses estão nas ruas.

Neste domingo, Bibi declarou que a democracia israelense está mais forte que nunca. O chefe-de-polícia declarou que o país está rumando rapidamente para um ou mais crimes políticos. O comandante-chefe das Forças de Defesa de Israel solicitou abertamente a Bibi que não conceda a Smotrich os poderes já definidos em lei que ele pode ter na Judeia e Samaria. Nasrallah, o líder do Hezbollah muçulmano xiita no Líbano, sorrindo, disse: “Israel está em farrapos.”

Podemos apontar o dedo para alguém? Sim podemos. Todos os rabinos da América Latina que tem a toga presa, por algum motivo, com meia dúzia de rabinos árabes em Israel deveriam ter se levantado e gritado: ZELOTES!!! DE NOVO NÃO!!!

O QUE PENSA O ELEITOR MAIS À DIREITA EM ISRAEL?

Este pequeno comentário postado no Arutz7 sintetiza o pensamento dos 25% (provavelmente mais) da população que apoia as mudanças. “A coalizão de governo foi eleita para fazer exatamente o que está fazendo. Não criar compromissos, não negociar e não se submeter (à agenda da esquerda).”

“É um bom início, mas mais precisa ser feito”.

“E muito mais será realizado simplesmente pelo fato de que todos estes caras da direita religiosa foram votados, demonstrando que HaShem está trabalhando para levar as leis Dele da Torá de volta para a Terra Dele. Isto é apenas o começo, mas Ele vai completar os Propósitos Dele, apesar de tudo que está contra. Nós precisamos ficar ao lado Dele e fazer o que for necessário.”

“Boas notícias! Agora é passar a segunda e terceira votações rapidamente, instalar os juízes adequados para substituir os traidores corruptos da esquerda judaica anti-israelense que estão sentados lá agora. Se eles tentarem invalidar esta nova leis, eles têm que ser presos.”

Opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador.

Imagem: captura de noticiário da rede pública norte-americana PBS e de manifestação contra o governo Netanyahu em Israel.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.