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Guerra de Gaza últimas notícias

Todas as saudações paras as tropas de operações especiais do IDF e do Shin Bet, que entraram em Rafah, seguindo informações precisas encontradas em documentos ou fornecidas por alguém do Hamas que se rendeu, e libertaram os dois reféns argentinos. Foi uma operação militar complicadíssima e arriscadíssima, que só Israel pode e consegue realizar. De onde está a linha Sul de Khan Yunis, até o apartamento onde aconteceu o resgate, foram cerca de 4 km em território inimigo.

Os 3 terroristas que guardavam os reféns foram mortos. Outros terroristas em prédios do entorno e do caminho de retirada até as linhas israelenses passaram a disparar sobre o grupo de resgate. Resultado: um soldado levemente ferido e 100 terroristas mortos. Operação para entrar nos anais militares mundiais e ser estudada.
 Mas… O IDF certamente previu que ao seguir as informações que obteve e ir diretamente a um dos cativeiros, isso alertaria o Hamas de que a localização de cativeiros estava comprometida e a decisão correta por parte do inimigo seria e foi mudar todos os cativeiros de lugar. Assim, uma operação semelhante contra um cativeiro num hospital, neste dia 15/fev, resultou em não encontrar reféns, mas indicações de que eles estavam recentemente lá. Faz parte.
⁂ Estamos num momento no Oriente Médio onde existem duas perguntas a serem respondidas pelos líderes inimigos. 1) O Hezbollah tem a intenção de ser destruído e efetivar a teologia do martírio? Parece que não. Se atacar de fato Israel, será dizimado. Até momento está apenas atritando com Israel, denominando isso de guerra contra o Estado Judeu. Já disparou pouco mais de 3.000 foguetes, em sua maioria Grad BM-21 com alcance entre 40 e 52 km dependendo do modelo do foguete. Um caminhão lançador pode disparar 40 mísseis destes em 80 segundos. 98% destes foguetes foram disparados “contra o território de Israel” e não contra alvos específicos dentro de Israel. Tzfat, atingida por 2 ou 3 petardos destes fica a 14 km da fronteira. Naharia, no litoral que não foi atacada, fica a 10 km da fronteira. Kiriat Shmona atingida várias vezes, fica sobre a linha de fronteira. Disparados estes 3.000 restam 107.000 foguetes, no mínimo, em posse do Hezbollah. Não são foguetes artesanais, como os dos Hamas, mas produzidos pela indústria militar soviética, russa, iraniana e norte-coreana, de curto, médio e longo alcance, sem qualquer sistema de guiagem precisa como os Grad (estimados em 90.000 unidades das 110.000 de antes do início desta guerra), e outros com sistemas de guiagem de precisão (estimados em 5.000 unidades), capazes de atingir qualquer ponto do território israelense.
 A segunda pergunta fica para o Hamas: tem o Hamas a intenção de ser completamente destruído como seu fundador Khaled Meshal declarou numa live no dia 6 de janeiro – “esta guerra só termina quando um dos lados for exterminado”? Parece que sim. As linhas do IDF ao Sul de Khan Yunis estão apenas a 7 km da fronteira com o Egito. A cidade de Rafah, último reduto, também é a última posição do Hamas. Teologicamente o Hamas está seguindo parte do Livro da Jihad, onde Allah afirma que poderia destruir os inimigos com um estalar de dedos, mas “vocês” precisam ser testados em batalha e aos que morrerem nada faltará. Saberemos se isso é a verdade absoluta para o Hamas, ou não, se eles deixarem de utilizar a última carta que tem na mão: propor a Israel a libertação imediata de todos os reféns em troca do fim da guerra, nas posições atuais. Se o Hamas fizer isso, a opinião pública dentro e fora de Israel será pesadíssima para o governo Netanyahu aceitar. Todavia é pouco provável que essa carta seja jogada. É mais provável que ela seja encontrada numa das mãos mortas de Sinwar, em breve.
⁂ Na Ucrânia, o presidente Vladimir Zelensky trocou o comando das forças armadas. Não se trata de uma punição ao comando anterior, que inclusive, na ocasião da passagem de comando recebeu as mais altas comendas ucranianas, mas uma troca de postura. Foram retirados comandantes ofensivos, e empossados comandantes defensivos. A guerra se encontra estagnada. Nenhum dos dois lados tem para penetrar as linhas de defesa inimigas por mais de algumas centenas, por vezes, apenas dezenas de metros. Estamos diante de um quadro semelhante ao do final de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, quando ambos os lados se entrincheiraram. A guerra passará a ser lutada cada vez mais à distância, com mísseis e drones. Estes, no ar, no mar e em terra (há drones para montar campos minados) estão se desenvolvendo rapidamente. Conta-se nos dedos a chegada da primeira esquadrilha de F-16 na versão de ataque ao solo para a Ucrânia. Já foi divulgada uma foto de um dos aparelhos com os emblemas azuis-amarelos. Isso pode dar à Ucrânia o controle do espaço áereo.
⁂ No momento as baixas estimadas russas em dois anos de guerra chegam a mais de 397 mil soldados e as ucranianas em torno de 115 mil (número de mortos). A disparidade de números pode ser entendida por algumas questões: 1) os russos não tem médicos e enfermeiros de combate, não evacuam feridos,  não possuem hospitais de campanha – assim os soldados feridos ou morrem por falta de atendimento ou cometem suicídio e existem muitos documentados pelos drones; 2) os comandantes russos não se importam com as tropas e as enviam contra as defesas uranianas que simplesmente matam todos, e no dia seguinte repetem, e repetem, e repetem, mantendo um nível de 800 a 1.000 soldados mortos por dia há 2 meses; 3) apesar de terem construído três linhas de defesa muito capazes, e só trechos da primeira foram ultrapassados pela Ucrânia, os comandantes russos insistem em atacar e isso maximiza as baixas; 4) a sociedade russa parece não se importar em ter seus jovens e homens mortos. Inexistem notícias nas TVs e jornais sobre as baixas e parte da apuração é feita pelos avisos funerários publicados pelas famílias.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.