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A história de uma das hagadot de Pessach mais lindas do mundo

A enorme variedade e riqueza da Hagadot de Pessach é de conhecimento público.E neste momento do ano em que lembramos a saída do povo de Israel do Egito é uma oportunidade propícia para mostrar e falar sobre essas relíquias.

Uma das peças mais importantes e conhecidas, com uma das mais belas histórias é a Hagadá de Sarajevo e salta na frente quando se trata de qualquer assunto que envolva os judeus da Bósnia e Herzegovina.

A Hagadá que é uma palavra hebraica que significa contar, é o texto utilizado para os serviços da noite do Pessach, contendo a leitura da história da libertação do povo de Israel do Egito conforme está descrito no Livro do Êxodo. É um texto ilustrado usado durante o tradicional seder (jantar)da Páscoa. A Hagadá de Sarajevo é uma das Hagadot sefaraditas mais antigas do mundo, ainda conservada e é considerada também a mais bela, com suas 34 páginas de iluminuras de cobre e ouro que retratam cenas-chave da Bíblia desde a criação até a morte de Moisés. O livro é produzido em mais de 109 páginas de couro de bezerro branqueado, e os historiadores acreditam que pode ter sua origem, rastreada até a cidade de Barcelona, onde foi confeccionada, por volta do ano de 1350.

O manuscrito é ricamente decorado com pigmentos feitos de lápis-lazúli, azurita e malaquita, apresentando ilustrações que lembram Saltérios cristãos medievais, com algumas no estilo decorativo islâmico de ornamentação.

Como resultado do Decreto de Alhambra, também conhecido como Édito de Expulsão, acredita-se que a Hagadá de Sarajevo deixou a Espanha em 1492 após a expulsão dos judeus, e ressurgiu novamente na Itália no século XVII. Recebeu esse nome quando foi vendida em 1894 ao Museu Nacional de Sarajevo por um homem chamado Joseph Kohen.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o manuscrito foi escondido dos nazistas pelo Dr. Jozo Petrovic, à época, ocupando a posição de diretor do museu da cidade e por Derviš Korkut, o bibliotecário-chefe, que contrabandeou a Hagadá para um clérigo muçulmano em um aldeia de montanha perto de Treskavica, onde foi escondido na mesquita entre o Alcorão e outros textos islâmicos. Durante a Guerra da Bósnia entre os anos de 1992 e 1995, quando Sarajevo estava sob constante cerco das forças sérvias no interior do país, o manuscrito sobreviveu em um cofre subterrâneo.

Posteriormente, esta lindíssima relíquia foi restaurada por meio de uma campanha especial financiada pelas Nações Unidas e pela comunidade judaica da Bósnia, no ano de 2001. Hoje, encontra-se exposta à visitação pública, conservada e protegida por um armário de vidro climatizado, numa sala especial, permanentemente, no Museu Nacional em Sarajevo desde o mês de dezembro do ano de 2002, portanto, já há 20 anos, constituindo-se numa das peças de resistência oferecidas pelo Museu Nacional à sociedade.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.