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Carro de combate Eitan é entregue ao IDF e já está em operação

As primeiras unidades do Eitan APC (Transporte Blindado de Infantaria) 8×8 foram entregues à Brigada Nahal e incorporados à Escola de Infantaria. É um veículo top e vai substituir todos os M113 americanos de lagartas, tecnologia dos anos 1950 produzidos nos anos 1960. Israel começou a recebe-los nos anos 1970. Mantê-los em combate foi um absurdo completo.

Em 2014, na Guerra de Gaza, nem o Brasil utilizava mais o M113 e Israel mandou seus soldados para o combate em veículos que eram vulneráveis às armas soviéticas ainda na Guerra do Vietnã. A blindagem do M113 não resiste à metralhadoras .50 nem às 7,62 mm com munição perfurante de blindagem. Qualquer arma anti-tanque, mesmo as da Segunda Guerra Mundial perfuram a blindagem.

Nas imagens do deslocamento da infantaria israelense para Gaza em 2014 pôde-se ver vários M113 com vazamentos de óleo ou graxa dos retentores de suas rodas. As unidades de rádio e comando tinham modificações externas, até mesmo aparelhos de ar-condicionado e enormes antenas que permitiam sua imediata identificação. Tivessem sido pintados de vermelho, não teriam sido alvos melhores.

Logo no primeiro momento de contato dos mísseis antitanque RPG (de infantaria) foram disparados contra dois M133 de comando, matando vários soldados e oficias do IDF e retirando de combate o comandante da operação. Foi uma vergonha militar.

Nove anos depois Israel começa a dar a volta por cima. O Eitan pesa 35 toneladas tem 3 tripulantes e pode transportar nove soldados totalmente equipados (um pelotão). Sua blindagem e construção está dentro do mais moderno padrão da OTAN, também para resistir a minas. Pode resistir a disparos da metralhadora soviética-russa de 14,5 mm com munição perfurante de blindagem a 200 metros, o que é muito bom. A .50 é de 12,5 mm. Também resiste aos estilhaços de projéteis de canhão de 155 mm que explodam até 30 metros de distância.

A blindagem dianteira provavelmente resiste aos canhões de 25 e 30 mm russos.

Mas a maior novidade é a possibilidade de uso do Trophy que é um sistema como o Domo de Ferro, automático, que protege o veículo de mísseis antitanque vindos de qualquer direção. Mas as unidades mostradas oficialmente pelo IDF não possuíam esta arma de defesa.

O sistema de direção ainda é convencional e não possui câmeras de visão externa para todos os lados, mas possui câmera de ré como quase todos os blindados atuais. Os pneus são do tipo “run flat” ou seja, podem continuar rodando depois de perfurados e perderem o ar, coisa que os russos não utilizaram na Ucrânia. O Eitan pode se deslocar a 90 km/h em asfalto e a 50km/h com todos os pneus furados e vazios. Usa um motor dianteiro alemão a diesel com 720 cv, da marca MTU, antiga Maybach (grande fornecedora do exército alemão na Segunda Guerra Mundial) hoje pertencente a Rolls Royce britânica. Transmissão automática.

A “carroceria” é fabricada nos EUA pela Oshkosh, a maior fornecedora de caminhões e blindados dos EUA e o veículo é montado em Israel. O custo gira em 3 milhões de dólares. Israel possui 6.000 unidades do M113 e vai substituir todos, primeiro pelo Eitan, e ao longo do tempo também pelo blindado de quinta geração já projetado, com licitação concluída.

Cada veículo tem um milhão de peças, usa 20 toneladas de aços especiais, 30 km de solda para blindagem, 6 km de fiação elétrica e de comunicação além de 70 litros de tinta.

Os equipamentos eletrônicos não foram divulgados, e isto é correto. Mas certamente possui todos os sistemas de visão térmica e noturna que os blindados modernos têm, além de sensores de alarme de incidência de marcador de raio laser, indicando que um míssil foi lançado contra ele. A metralhadora .50 é remota controlada de dentro do veículo, prática hoje universal para novos projetos.

Com os M113 Israel está numa posição pior que a dos russos com os blindados BMP de 1 a 4 que são dizimados como se fossem Kombis velhas pelas armas antitanque atuais na Ucrânia.

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: Eitan APC captura de tela de vídeo de divulgação do Ministério da Defesa de Israel

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.