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Semana 21 de protestos em Israel, a reforma judicial foi paralisada e Bibi disse que não significa o fim dela

O número de participantes foi de dezenas de milhares e não mais centenas de milhares. As pessoas estão cansando e resultados já foram alcançados. Vozes fortes dentro do Likud estão pedindo a Netanyahu que remova a proposta de lei da reforma judicial pois a reação da sociedade e do mercado mostraram que é de fato um erro.

Nesta segunda-feira dia 29/mai em reunião com o partido Likud, Bibi disse que o governo suspendeu temporariamente os planos de uma sacudida radical no judiciário, mas que a reforma “não está morta”. A informação vazou de alguém que estava na reunião e foi publicada por todas as mídias israelenses. Gantz disse que esta posição do governo não foi devido a nenhum acordo com a oposição.

A volta sem vergonha nenhuma de Avi Maoz, o abertamente homofóbico do partido Maoz do Eu Sozinho para a posição de Tzar da Identidade Judaica é algo que não aconteceria em governo algum de país nenhum do mundo. O sujeito renuncia, abandona tudo, dispara ofensas para o primeiro-ministro, depois volta recebendo um verba de 76 milhões de dólares.

O Tzar Maov ficará no gabinete do primeiro-ministro, o que é mais estranho ainda. Alguém vai me dizer que não tem uma salinha 50 metros pra lá, 3 andares mais para baixo? Se alguém afirmar que o voto favorável de Maoz ao orçamento custou 76 milhões de dólares, vai ser chamado de antissemita…

Em princípio o sujeito que é homofóbico, antipluralista e misógino (títulos que ele exibe com orgulho no currículo) recebeu o poder de supervisionar o sistema educacional israelense e os fornecedores de material didático para as escolas. Todos sabem que por Maoz, as escolas seriam segregadas entre meninos e meninas e que o currículo padrão seria descartado, transformando-as todas em yeshivot religiosas, pois afinal, estudar a Torá é a única função do judeu. Então, o que fazem os que defendem isso no ministério do Estado Judeu? Melhor teria sido se ficassem estudando Torá.

O ministro da educação, Yoav Kisch, em entrevista a Rádio do Exército, disse que a volta de Maoz para uma posição que nunca existiu em Israel não vai alterar a política da educação e que Bibi lhe prometeu que a posição de Maoz “não vai afetar a autoridade do Ministério da Educação.”

Aliás, já está proposta uma emenda à Lei Básica de Israel, incluindo o “estudo da Torá” como um objetivo permanente do “sionismo”. Opa, então não se pode estudar a Torá sem ser em Israel? Será que vamos chegar a isso? Provavelmente já estará nas bocas dos manifestantes da semana 22.

A proposta de lei proibindo o uso de bandeiras palestinas em universidades israelenses foi retirada do Knesset. Ela previa uma suspensão das aulas por 30 dias e no caso de reincidência proibição de se formar em Israel por 5 anos. Praticamente todos os reitores das universidades israelenses tem a certeza de que é absolutamente correto pela liberdade de pensamento e de expressão, que alunos judeus tomem o lado palestino no conflito e confrontem os outros alunos e professores judeus com bandeiras palestinas. Dizem ser a saudável liberdade de expressão. E aí, fazemos o que em casos como os da Unicamp? Dizemos que é saudável liberdade de expressão também? Ou que eles podem fazer em Jerusalém, Tel Aviv, Haifa, mas não em Campinas?

A proposta de lei do Likud que limitaria as doações em dinheiro para os ONGs de direitos humanos em Israel também foi retirada.

Opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: ilustrativa arte de ortodoxos no Kotel em Jerusalém. Estudar a Torá, unicamente, não deveria ser o objetivo de nenhum judeu, mas boa parte do atual governo de Israel defende isso à custa de quem trabalha e paga impostos.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.