Eu te boicoto e você continua comprando os meusprodutos, ok?

Este é o resumo da situação bizarra criada pela empresa multinacional de sorvetes Ben & Jerry após anunciar deixar de fornecer seus sorvetes para os “territórios ocupados por Israel, para as cidades judaicas na Judeia e Samaria”.

Quase imediatamente, o franqueado israelense emitiu um comunicado declarando que o boicote da marca à Cisjordânia não se aplica à Israel, que continuará fornecendo os produtos e espera que não seja boicotado, por sua vez, pela população do Estado Judeu.

Parece maluquice, mas não é. A Ben & Jerry Israel é uma empresa local que possui licença até o final do ano de 2022 para produzir os sorvetes em Israel e comercializá-los. Não é uma franquia convencional subordinada à empresa. Existem apenas duas subsidiárias da marca que operam assim. A outra fica na Bélgica. E é a produção local que é comercializada na Judeia e Samaria, portanto nada vai mudar. Maluquice é a Ben & Jerry norte-americana, que não exporta sorvetes para a Judeia e Samaria, declarar o boicote ao que não faz. Coisa de gente mal-intencionada.

O Estado de Israel, o governo Bennett tomou partido da empresa local através do comunicado de Ayelet Shaked, ministra do interior:

“Não é a franquia local de Ben & Jerry que deve ser punida. Pelo contrário, ela precisa ser recompensada pela sua determinação, orgulho e verdadeiro sionismo. Os donos da companhia (norte-americana), judeus auto-antissemitas (como no original), devem ser boicotados e ação jurídica será tomada contra eles, não apenas em Israel, mas nos Estados Unidos. O governo de Israel pretende agir contra a companhia de acordo com a lei americana que proíbe boicotar o Estado de Israel.”

Será que o governo israelense está correto?

Os fundadores da empresa norte-americana em 1978, são Ben Cohen e Jerry Greenfield, ambos com 70 anos de idade. Eles permanecem ativos na empresa, comprada pela gigante Unilever no ano 2000, ou seja, há 21 anos atrás e desde então, sempre afirmaram que não possuem qualquer responsabilidade ou autoridade nas decisões empresariais da marca.

Pode ser que o governo de Israel esteja completamente errado ao acusar tanto Ben, quanto Jerry. Mas só saberemos a verdade caso os dois milionários decidam falar. No ano 2000 a venda foi por 326 milhões de dólares, para uma empresa que começou com um curso de correspondência de como fazer sorvetes, ao custo de 5 dólares.

Opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador