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O massacre de Worms

Em 18 de maio de 1096, seguidores do líder alemão dos cruzados, conde Emicho de Leiningen, chegaram a Worms (Alemanha), dando início a um massacre que terminaria dias depois com o assassinato de 800 judeus.
O massacre de Worms foi um dos vários ataques contra as comunidades judaicas perpetrados durante a Primeira Cruzada (1096–1099).

Quando os cruzados chegaram à cidade corria o boato que os judeus haviam matado um cristão e usado seu cadáver para contaminar a água e envenenar os poços da cidade.

Massacre dos judeus em Metz durante a Primeira Cruzada.
 Crédito: Auguste Migette, 1802-1884, Domínio Público, via Wikimedia Commons

A população local mais tarde juntou forças com Emicho e lançou um ataque selvagem contra os judeus da cidade, que se refugiaram no palácio do bispo Adalberto, embora outros optassem por permanecer fora de seus muros. Eles foram os primeiros a serem massacrados. Famílias judaicas inteiras foram chacinadas nas casas, rolos da Torá foram retirados das sinagogas e destruídos. Os cruzados conseguiram batizar poucos judeus à força. Muitos optaram por tirar suas próprias vidas; mães mataram seus filhos para depois se matarem. Segundo um cronista, “pelas ruas da cidade somente se escutava o Shemá Israel”.

Dois dias mais tarde, chegou a hora dos judeus no Palácio Episcopal. Diante da ameaça dos Cruzados, o Bispo Adalberto tentou convencer os judeus entrincheirados que se deixassem converter. Eles pediram um tempo para pensar. Esgotado o prazo, o bispo abriu as portas e encontrou uma cena dantesca. Não tinha sobrado um único judeu com vida, todos se haviam suicidado. Eis o relato do cronista judeu: “No dia 25 de Iyar, o terror se instalou sobre aqueles judeus que se abrigaram no Palácio Episcopal. Eles se fortaleciam pelo exemplo de seus irmãos, santificando-se em Nome de D’s, observando as palavras do Profeta ‘as mães caem sobre suas filhas e os pais caem sobre seus filhos’. Um matava seu irmão, outro seus pais, esposa e filhos. Todos aceitavam de bom grado o Desígnio Divino, entregando suas almas ao Todo Poderoso, gritando, ‘Ouve Israel, o Eterno é Nosso D’us, o Eterno é Um”.

Segundo a crônica, os cruzados não respeitaram sequer os mortos. Retirando os corpos do palácio, cortaram-nos em pedaços e dispersaram seus restos. Apenas o judeu Simcha Cohen se salvou e foi batizado à força. Imediatamente, tirou uma faca e feriu três carrascos, porém o populacho o chacinou. Naqueles dias de 1096 foram mortos 800 judeus, todos atirados numa vala comum.

Ao todo, cerca de 5.000 judeus foram massacrados na França e na Renânia na primavera e no verão de 1096.

A oração “Av Harachamim”, Pai Misericordioso, foi escrita logo após os massacres e se tornou a oração principal nos serviços de sábado para as comunidades judaicas que vêm da Europa. Também serve como uma oração geral para lembrar todos aqueles que morreram defendendo o nome de Deus.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.