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Contra o Revisionismo do Holocausto, contra a Síria e Irã volta ao voto numa semana estranha na ONU


No dia 20/jan/2022 A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução israelense (até que enfim) condenando a negação e distorção sobre o Holocausto, o genocídio nazista de 6 milhões de judeus. A resolução israelense foi co apresentada pela Alemanha, Rússia e Estados Unidos.

Diferente de outras resoluções da ONU, não houve votação e sim consenso, o que é muito estranho, pois apenas um país, entre os 193, não aceitou a resolução. Adivinhe? Claro, o Irã não aceitou, mas o Irã estava, naquele dia, ainda sem direito a voto por dívidas com a entidade.

Talvez os judeus e os não judeus, demorem a compreender o que significa enterrar a negação do Holocausto aprovando uma resolução emanada por Israel por um placar de 193 a zero. Todos os países que vem votando contra Israel nos últimos 50 anos agora votaram a favor de Israel e dos judeus. É a mudança mais radical já vista na Assembleia Geral da ONU.

Todas as resoluções da Assembleia Geral são “não vinculantes”, isto é, ninguém é obrigado a seguir ou a cumprir. Mas tais resoluções sempre são utilizadas como incentivo à criação de leis locais nos países que a aprovaram. Portanto, deveremos esperar por vários países criminalizando a negação do Holocausto, inclusive o Brasil. Basta que um deputado apresente o projeto de lei.

No dia 23/jan/2022 o Irã estava sem direito a voto por dever 18 milhões de dólares em taxas obrigatórias à ONU. Fazendo-se de coitado e sem dinheiro (menos para seu programa nuclear e de mísseis balísticos é claro) o país dos aiatolás arrancou uma benesse do governo Biden na mesa de negociações do Acordo Nuclear. Biden aceitou permitir que o governo da Coreia do Sul, que retêm 7 bilhões de dólares bloqueados das compras de petróleo que fez ao Irã, mas não pode pagar devido ao bloqueio norte-americano, retirasse os 18 milhões deste fundo e quitasse a dívida com a ONU. Dito, mandado e feito, o Irã volta a ter direito a voto. Isso aconteceu

No dia 24/jan/2022 o Conselho de Segurança da ONU disparou acusações graves de violações dos direitos humanos na Síria (até que enfim). Depois de mais de 10 anos de guerras parece, o dobro da Segunda Guerra Mundial oficialmente surge a primeira grande crítica oficial. O governo Assad se defende e diz que não controla grande parte de seu território que está ocupado por vários grupos terroristas diferentes e que não aceita ser criticado pelo que estes grupos fazem.

Obviamente as três ações inusitadas na ONU em apenas quatro dias estão absolutamente interligadas.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.