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Rabino iraniano diz que condenou o assassinato de Suleimani porque os judeus são “convidados” no Irã

É absolutamente impossível compreender os judeus iranianos e suas falas, mesmo quando, surpreendentemente elas se dão em Fairfax, na Virgínia (Estados Unidos) e não em Teerã.

O rabino Yehuda Gerami, 35, o rabino-chefe do Irã está nos EUA, participando de um encontro mundial de emissários do Chabad e deu uma palestra, oficialmente, na sinagoga Chabad de Fairfax.

Nasceu no Irã, mas estudou em Israel e nos EUA antes de voltar a seu país natal e assumir o posto de rabino-chefe. Foi oficialmente à casa da família Suleimani, prestar solidariedade da comunidade judaica iraniana ao super general abatido pelos Estados Unidos.

O que ele disse, ao meu ver é estarrecedor. A comunidade judaica do Irã tem 2.500 anos de enraizamento, desde a Pérsia, até hoje, tendo conquistado seu lugar no pau, na pancada, no combate, derrotando as tropas do primeiro-ministro Haman, que tinha autorização do rei Ahashverosh, para eliminar todos os judeus do Império Persa, que na época se estendia do Egito ao oeste da Índia. Nesta guerra de vários anos, resumida como um rápido “milagre”, no Rolo de Ester (Meguilat Esther), como Purim, muita, mas muita gente morreu dos dois lados, apesar disto ter sido não incluído no texto.

Na foto:Rabino chefe do Irã Yehuda Gerami em entrevista à TV iraniana. Reprodução da tela.

A vitória judaica foi tão contundente que nenhum governante Persa, muçulmano,  Iraniano imperial ou Iraniano Revolucionário, ousou tocar nos túmulos da rainha persa judia Esther, e de Mordechai. Pelo contrário, até hoje cada um dos governos persas ou muçulmanos da história, fez questão de preservar absolutamente o mausoléu que é aberto à visitação do público.

Então, o sr. rabino-chefe Gerami, simplesmente disse o seguinte: “A situação era muito sensível. Não a partir do governo, mas do povo. Eles falavam em vingança. O Irã é o único lugar onde as sinagogas não precisam de nenhum tipo de segurança. Mas nós temos que usar nossa sabedoria, nós SOMOS CONVIDADOS, e precisamos ser diplomáticos.”

Desculpem! Não dá para aceitar esta fala calado. Como assim convidados? Estão lá há 2.500 anos! Estão lá há 1.100 anos antes do islã existir! Convidados? O rabino-chefe iraniano declara abertamente e oficialmente que os judeus iranianos são convidados no país? Estrangeiros em terras xiitas? Cá para nós! E Kapará para ele! 

O discurso deste rabino, bem como de dois ou três outros judeus iranianos em posições oficiais impostas pelo governo dos aiatolás, entre os 20.000 que residem no Irã, é esquizofrênico. Em uma entrevista recente numa revista, o rabino Gerami declarou que os judeus do Irã “são uma comunidade florescente” …

“Sentimos que estávamos em perigo e precisamos dar entrevistas e dizer que não éramos a favor do ataque e que não concordávamos com esta guerra.”

Entendo e imagino que são pressionados a isso pela Guarda Revolucionária Iraniana, mas também sei que são os únicos cidadãos do Irã (mesmo que o rabino diga que são apenas convidados) a terem o direito de obter o passaporte gratuitamente com um visto de saída para qualquer país do mundo (menos Israel), de graça, caso se comprometam a nunca mais voltar.

Opinião de José Roitberg, jornalista e pesquisador, com informações do Times de Israel, Chabad.org e JTA.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.